Carlos Pinto (Optimize IP): “O fundo beneficiou da excelente performance das ações portuguesas que contrariaram por completo a generalidade dos índices mundiais”

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Carlos Pinto. Créditos: Vitor Duarte

O Optimize Portugal Golden Opportunities é um fundo focado em Portugal e de cariz multiativos. Encontra-se elegível para investidores vistos gold e terminou o ano de 2022 com um retorno acima dos 4%. Carlos Pinto, gestor sénior de Investimentos na entidade, conta-nos as características deste fundo da Optimize IP e as decisões que contribuíram para ser o fundo nacional multiativo moderado mais rentável de 2022

“O fundo de facto beneficiou da excelente performance das ações portuguesas que contrariaram por completo a generalidade dos índices mundiais”, começa por afirmar. Assim, embora se trate de um produto multiativos, o fundo esteve grande parte do ano mais exposto às ações e condicionado no investimento em obrigações. “As emissões portuguesas mais líquidas têm na generalidade um investimento mínimo de 100.000 euros e, até ao terceiro trimestre do ano, a dimensão do fundo não proporcionava o nível de diversificação mínima que considerávamos razoável nas obrigações”, acrescenta.

O tema da desglobalização e das disrupções logísticas também influenciaram favoravelmente a performance do fundo. “Estivemos sobreponderados a indústrias que beneficiaram da sua proximidade logística, como é o caso da Altri e da Navigator. A subida do preço do petróleo e consequente melhoria das suas margens de refinação beneficiou a Galp assim como as subidas das taxas de juros beneficiaram o BCP”.

As decisões ativas que contribuíram para os resultados

Durante o ano desenvolveram uma gestão ativa, aproveitando movimentos expressivos nas cotações de algumas empresas para realizar mais-valias. “Por exemplo, o grupo EDP terminou o ano com performance negativa, mas para o fundo, ambas as ações tiveram um contributo positivo. Outro exemplo, foi uma exposição elevada na Altri, que valorizou não apenas pelo seu negócio, mas pelo spin-off da Greenvolt que criou valor acrescido”, expõe o gestor. A gestão do fundo reforçou, desta forma, o investimento neste novo player, tendo vendido parte da posição da Altri e da Greenvolt entre julho e agosto, após o excelente rally que vinham a desempenhar.

Outro fator que contribuiu para a outperformance da carteira foi a posição no BCP. A Galp foi a maior contribuidora em termos absolutos, tendo o fundo ficado mais ou menos em linha, em termos relativos, com o índice.

Evolução da alocação ao longo de 2022

Quanto à evolução da alocação ao longo do ano, e como já foi mencionado acima, a exposição às ações dominou a alocação (superior a 80% no final de novembro). No entanto, no último trimestre de 2022, após a subida dos juros na zona euro dar um novo alento ao investimento neste tipo de ativos, iniciaram a exposição às obrigações. Segundo o gestor, “é possível investir em títulos de dívida com uma rentabilidade esperada (yield) acima dos 6%, algo que não era possível no início do ano devido à política do BCE com taxas de depósito negativas, o que permite aumentar a rentabilidade esperada do fundo e, ao mesmo tempo, reduzir a volatilidade”.

“Durante os próximos meses vamos aumentar o investimento em obrigações para o intervalo de 10% a 20%. Atualmente o fundo já tem dimensão para incorporar várias linhas de obrigações de forma diversificada e é uma classe de ativo que transaciona com yields muito interessantes e, ao mesmo tempo, permite reduzir a volatilidade da carteira”, afirma. Nas ações, vão continuar com a mesma dinâmica. Em termos genéricos, essa dinâmica consiste em encontrar valor em muitas empresas, especialmente nas que apresentem maior resiliência no seu balanço e nas líderes nos seus nichos. “Sendo um mercado mais periférico, encontramos muitas oportunidades de arbitragem quando comparamos com os congéneres europeus, beneficiando ao longo do tempo de picos de convergência nas suas valorizações face aos seus peers”, conclui o gestor.

Considerações de fatores ESG

“Os fatores ESG são sempre tidos em consideração na tomada de decisões de todos os fundos da Optimize e o Portugal Golden Opportunities não é exceção”, afirma Carlos Pinto. Apesar de serem poucos os emitentes portugueses abrangidos pelos scoring ESG, analisaram as que estavam melhor alinhadas com o impacto económico e na vanguarda da transformação para uma sociedade mais sustentável. “Ao longo do ano, o fundo variou entre o nível de A - AAA no scoring de ESG pela MSCI, terminando o ano no AA, o que reflete as decisões tomadas durante o ano”, acrescenta.