Carta anual de Warren Buffett: a grande aposta no Japão

Warren Buffett
Warren Buffett. Créditos: trackrecord, Flickr, Creative Commons

Uma aposta que preveem ter em carteira indefinidamente. Assim descreveu Warren Buffett na sua carta anual para investidores, duas das suas grandes apostas em carteira: Occidental Petroleum e cinco empresas japonesas. Duas posições em que aumentou a sua participação em 2023 e que a grande referência do investimento value equiparou às suas posições míticas na Coca-Cola e American Express. Para quem cunhou a já mítica frase “nunca aposte contra os EUA”, o facto de Buffett reforçar a sua convicção no mercado japonês é uma grande declaração de intenções.

Na sua mais recente carta anual para investidores, Warren Buffett defendeu a sua tese a longo prazo para as empresas japonesas na sua carteira: Itochu, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo, das quais possui 9% de cada uma. E o romance de Buffett com o Japão já está a gerar lucros: no ano passado, inclusive com a depreciação do iene, a sua participação nestes cinco nomes valorizou 61% em dólares.

Além disso, foi uma posição que construíram sem ter em conta o movimento do iene/dólar. Assim, a Berkshire financiou a maior parte da sua posição japonesa com uma emissão de 1,3 biliões de ienes em obrigações. "Creio que a Berkshire tem mais dívida em ienes em circulação do que qualquer outra empresa americana", reconhece Buffett na sua carta.

Em 2019, a holding do grande guru do investimento olhou, pela primeira vez, para o mercado japonês. E, depois de se ter comprometido a não ultrapassar a sua participação de 9,9%, em 2023, a Berkshire Hathaway aumentou a sua posição nas cinco empresas, depois de Buffett e Greg Abel, o seu sucessor designado, se terem deslocado a Tóquio para falar com os seus gestores.

Cultura corporativa

"As cinco empresas seguem políticas favoráveis aos acionistas, muito superiores às praticadas habitualmente nos EUA", afirma Buffett, "e os gestores das cinco empresas têm sido muito menos agressivos com a sua própria remuneração do que é habitual nos EUA”.

Além disso, o gestor elogia a cultura empresarial das suas empresas japonesas. "Note-se também que cada uma das cinco empresas destina apenas cerca de um terço dos seus lucros para dividendos. As grandes quantias que as cinco retêm são utilizadas tanto para construir os seus vários negócios como, em menor grau, para recomprar ações. Tal como a Berkshire, as cinco empresas mostram-se relutantes em emitir ações", observa.