Em termos genéricos, o valor médio das carteiras geridas pelas gestoras de patrimónios caiu no ano de início de pandemia. As unidades de participação foram o ativo que mais cresceu.
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A gestão individual de ativos foi o segmento que esteve em decréscimo em 2020, em contraposição com a gestão coletiva de ativos, que cresceu quase 6% no ano passado. Mas como já realçado diversas vezes, o decréscimo de quase 22% no valor gerido aparece justificado por razões concretas. Nesse sentido, a CMVM explica no Relatório sobre os Mercados de Valores Mobiliários – 2020 a razão para este segmento ter terminado 2020 nos 48,8 mil milhões de euros.
Porém, em termos de negócio pouco mudou face a 2019. Mantiveram-se a operar 34 intermediários financeiros, repartidos por 12 instituições de crédito, 12 empresas de investimento e 10 entidades gestoras de fundos. Bem como um ano antes, os valores geridos eram em grande medida detidos pelas gestoras de fundos, ou seja, 47%.
Carteira média fica mais pequena
O que por outro lado fica bem evidente é a queda do valor médio das carteiras geridas, como visível na informação do gráfico à esquerda, bem como do número de carteiras geridas. O valor médio diminuiu cerca de 17,7%, remontando a níveis semelhantes aos de 2016, fixando-se próximo dos 4 milhões de euros.
Número e valor médio das carteiras sob gestão (esquerda) e valor médio das carteiras por tipo de cliente (direita)
Apesar de ser um segmento de cliente da gestão individual relativamente pequeno, o valor médio das carteiras detidas por fundos, no entanto, cresceu 13,2% em 2020, superando assim os números de 2019 (3,3%), e de 2018 (3,6%). Desta feita, fica evidente que o decréscimo do valor médio das carteiras no segmento aconteceu por outra via. Teve que ver, como evidente no gráfico à direita, com a “quebra no valor médio das carteiras detidas por outros clientes institucionais”. A CMVM reporta uma descida de 25,7% face ao período homólogo. Os 27,4 mil milhões de euros de volume médio detidos por outros clientes institucionais em 2020 representa mesmo o valor mais baixo desde 2014. A quebra mais acentuada que se verificou em 2020 resulta da transferência de carteiras de um operador para o setor segurador referida anteriormente.
Nos casos das pessoas coletivas e pessoas singulares, os valores médios das carteiras aumentaram, respetivamente, 5,6% e 2,4%. De destacar que a carteira média do cliente particular não vai além dos 500 mil euros.
UP aumentam em 2020
Relativamente à alocação média das carteiras a dívida pública e as obrigações são os pesos pesados. O seu valor médio representa mais de 60% das carteiras. Destaque para o aumento do valor médio das unidades de participação para 25,5%, face aos 20,2% de um ano antes. O principal mercado das unidades de participação foi a União Europeia, totalizando 18,6% do total.
Valor médio das carteiras sob gestão, por tipo de ativo (esq.) e de investidor (dir) - final de 2020
Relativamente à duração modificada dos instrumentos de dívida nas carteiras administradas, a CMVM reporta um aumento. Esta aconteceu “por via dos aumentos verificados na duração modificada da dívida pública nacional (era 5,04 em 2019) e estrangeira (era 4,40 em 2019)”. Inversamente, “ocorrerem diminuições na duração modificada da dívida privada nacional (era 2,29 em 2019) e estrangeira (era 2,88 em 2019)”.
Investimento em valores mobiliários cotados, por mercado (esq.) e duração modificada, por tipo de dívida (dir.)