Os certificados de aforro e do Tesouro registaram um saldo negativo entre entradas e saídas de dinheiro, em Março, de acordo com o boletim mensal divulgado pelo IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.
Nos certificados de aforro houve subscrições de 71 milhões de euros e resgates de 73 milhões de euros, o que dá um saldo negativo de dois milhões, tendo sido a primeira vez, nos últimos quatro meses, em que as subscrições líquidas foram negativas. O saldo acumulado no final do mês passado nos certificados de aforro era de 9.693 milhões de euros.
“Calculo que esses fluxos respondam a incentivos noutras classes de activos, nomeadamente fundos de acções internacionais e balanceados que têm tido bons retornos nos últimos meses”, refere Pedro Ortigão Correia, do grupo Ask, à Funds People Portugal. Lembra, contudo, que, em Portugal, “não há comportamentos de poupança com contribuições regulares” e que o facto de os retornos dos certificados de aforro terem tido uma remuneração tão baixa nos últimos anos “foi um erro que custou caro ao Estado pois caso tivesse incentivado este tipo de poupança, não estaria agora tão dependente do exterior”. Neste sentido dá como exemplo o caso de Itália, “o oposto do nosso, onde a dívida pública é detida maioritariamente por italianos. Foi seguramente uma forma de ajudar o financiamento dos bancos, pois os depósitos continuam a ser o principal destino da poupança, apesar dos baixíssimos retornos históricos”, sublinha.
Quanto aos certificados do Tesouro, cujas subscrições estão suspensas desde o início do passado mês de Setembro, as amortizações registadas em Março foram de três milhões de euros, mantendo um nível idêntico às dos meses anteriores. O saldo acumulado situava-se em 1,41 mil milhões de euros, mostra o boletim mensal divulgado pelo IGCP.