Claire Shaw, SYZ AM: “Na nossa perspectiva o risco não se mede pela volatilidade, mas sim em termos do quanto podemos perder”

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Crisp-13, Flickr, Creative Commons

Arriscadas, caras, pouco robustas e voláteis: estes são os principais argumentos que qualquer gestor de carteiras poderá utilizar para não investir em empresas de pequena e média capitalização de mercado. Claire Shaw, portfolio manager do fundo Oyster European Mid and Small Cap, contraria todas estes preconceitos e apresenta uma estratégia de investimento a seu cargo desde 2014, e que tem transformado todos estes preconceitos em alfa.

O fundo de investimento da SYZ Asset Management descola-se dos seu pares por apresentar um processo muito particular. “A nossa abordagem é muito contrarian. Gostamos de investir onde o resto do mercado tem receio de investir”, introduz a gestora, ao mesmo tempo que deixa bem claro que este trabalho não é fácil: “Temos muito orgulho no trabalho de research extremamente diligente que fazemos”. Não só a equipa pode passar mais de seis semanas a trabalhar numa ideia de investimento, como as empresas em que investem têm que cumprir critérios muito estritos de qualidade... a um bom preço.

Neste sentido, depois de passar por critérios de robustez do modelo de negócio e do balanço, o enfoque da análise centra-se na capacidade de geração de cash-flow, ao invés de medidas relacionadas com os resultados, mais suscetíveis de manipulação contabilística. Para Claire, a free cash-flow yield resulta numa medida que lhe permite avaliar se a empresa é um “verdadeiro motor de criação de riqueza”.  “Gostamos de comprar empresas que se apresentam com uma free cash-flow yield de 10%”, aponta, mas é aí que está a verdadeira dificuldade da análise: “A única altura em que uma empresa de qualidade está cotada com estas métricas é quando o mercado está pessimista e a ação não é apreciada”.

É a este nível que outra particularidade da estratégia se destaca: o enfoque no risco de downside. “Na nossa perspetiva o risco não se mede pela volatilidade, mas sim em termos do quanto podemos perder. Somos muito pessimistas e pensamos sempre numa perspectiva de pior situação possível, para garantir que não investimos em negócios onde há elevada probabilidade de algo correr mal”, esclarece a profissional da SYZ AM.

O verdadeiro longo-prazo

O que permite à equipa de gestão do fundo usufruir de bons resultados em todo este processo é o que Claire Shaw apelida de um “genuíno investimento a longo-prazo”. “O período de investimento médio neste segmento é de aproximadamente 8 meses. Para nós, o horizonte de investimento vai de três a cinco anos. Isso é importante porque é desta forma que podemos tirar partido do medo, do pânico ou do sentimento negativo em determinados sectores, geografias ou ações específicas. Suportando-nos no intensivo research que fazemos, sentimo-nos muito confortáveis em tomar posições contra as massas”, explica a especialista.

Portanto, no que se refere ao risco: “Neutralizamos o risco com a aquisição de negócios de elevada qualidade suportados por um research profundo”. Relativamente à pouca robustez: “Compramos apenas empresas que apresentam balanços extremamente sólidos”. Quanto às valuations caras: “A nossa perspectiva contrarian permite não pagar um preço elevado”. Por fim,  a volatilidade: “É uma oportunidade para um investidor paciente e de longo-prazo”. E é desta forma que Claire contraria todos os preconceitos enunciados.