O questionário global sobre fundos regulados 2014 da Ernest & Young, revela as percepções que os gestores têm em relação às áreas de crescimento da indústria a nível mundial.
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Os gestores de fundos esperam um crescimento anual de 9% durante os próximos cinco anos ao nível de “dinheiro novo” que entre em fundos regulados. Esta é uma das principais conclusões do “Global regulated funds survey 2014”, elaborado pela Ernest & Young. Os especialistas da entidade recolhem uma série de conclusões interessantes sobre as percepções que os gestores de fundos têm em relação às áreas de crescimento da indústria a nível mundial, e também em relação a futuros motores de desenvolvimento, e ainda no que diz respeito à captação de novo dinheiro na indústria de fundos de investimento.
A primeira tendência que detetam é a consolidação: os gestores norte-americanos e europeus dão maior prioridade à penetração em mercados maduros, em detrimento de conseguirem realizar os seus objectivos de crescimento. Mas existe uma distinção: os gestores do Velho Continente, face aos americanos, têm uma maior capacidade de percepcionar a expansão geográfica como uma oportunidade. Por outro lado, os gestores norte-americanos e asiáticos fixam-se mais no acesso a novos canais de distribuição como uma forma de gerarem crescimento.
Finalmente, os gestores com sede na Ásia ou na América Latina também procuram uma forma de crescer através da expansão da sua gama de produtos. Da consultora clarificam que “estes gestores geralmente têm uma oferta de produto mais limitada do que os seus competidores nos EUA e na Europa”.
Potencial de crescimento
Outro dos objectivos da relatório era investigar que produtos oferecem maior potencial de crescimento. Para os participantes do questionário, esses fundos são os fundos de gestão ativa e os produtos que têm por base soluções, como é o caso dos absolutu return, ou os fundos de capital garantido.
Desta forma, não se deve ignorar o facto de mais de metade dos inquiridos acreditar que o maior potencial de crescimento se situa na parte mais concentrada da gama de produto. “Isto reflete claramente um aperfeiçoamento do enfoque numa melhor gestão, no sentido de corresponder às expectativas dos clientes e aos resultados que desejam”, escrevem os autores do estudo.
Outra conclusão destacada é que a indústria de ETF está a atingir o seu ponto de maturidade. Os resultados do questionário refutam a hegemonia de alguns fornecedores de fundos cotados, em particular os que são pioneiros neste tipo de produtos.
Muito trabalho de marketing por fazer
A terceira grande conclusão do estudo tem a ver com os investidores de retalho: cerca de 60% dos questionados acreditam que o seu entendimento relativamente aos investimentos que fazem é inferior à média. Esta é uma conclusão chave, ainda para mais tendo em conta que muitas das gestoras que desenvolvem os seus negócios na América do Norte e na Europa procuram crescer dirigindo-se tanto a investidores institucionais como aos de retalho; o contrário acontece com as que têm o seu universo de investimento na Ásia e na América Latina: cerca de 75% dos gestores destas regiões acreditam que o novo dinheiro aparecerá através dos investidores de retalho.
A questão é que a maioria dos gestores entende esta falta de conhecimento não como um desafio, mas sim como uma oportunidade. Na verdade, o questionário constata que as empresas de maior tamanho são as que acreditam mais nos conhecimentos básicos dos seus clientes de retalho. “Estas gestoras têm orçamentos de marketing significativos e, por isso, têm mais êxito na educação de distribuidores e investidores acerca dos seus produtos”, explicam da Ernest & Young. O desafio configura-se portanto às gestoras com menor património: 74% das gestoras qualificaram o conhecimento do retalho como “médio” ou “inferior”.
Outro ponto de interesse estudado, é o facto dos gestores europeus se mostrarem mais céticos em relação ao entendimento que os investidores têm dos seus próprios produtos. “Isto pode ser um reflexo da diferença de modelos de distribuição e nas plataformas, onde existe a relação com o investidor dentro da cadeia de valor”, conclui o relatório.
Expansão: qual a região mais atrativa?
Uma opinião quase unânime entre as empresas de gestão de ativos da Europa e dos EUA, é que Ásia se configura como “a terra prometida” para as empresas do sector que estejam em plena expansão geográfica.
Dentro do continente, a China aparece como sendo o lugar que ocupa maior atratividade ao nível do crescimento das vendas nos próximos cinco anos, principalmente devido às reformas do governo que pretendem desregular o mercado financeiro. Hong-Kong figura em segundo lugar dentro da lista das preferências, onde também têm lugar países como Taiwan, Singapura ou Coreia do Sul.
No entanto, os EUA competem com a Ásia na captação de negócio, um fenómeno que o estudo interpreta como “o desejo dos gestores europeus serem verdadeiramente globais”. Contrariamente, os gestores norte-americanos continuam a acreditar que o seu país é o que oferece mais potencial de crescimento; a sua estratégia baseia-se numa penetração mais profunda dentro da sua base de clientes, partindo do lançamento de novos produtos, estratégias e classes de ativos.
Outros resultados de interesse: um em cada três gestores veem oportunidades no Japão em torno das políticas Abenomics e nas reformas de pensões. Por outro lado, a Europa, é das regiões menos apontadas ao nível das apostas de expansão territorial dos questionados, apesar da recuperação encerrar oportunidades de crescimento.
A região que recolheu menor preferência foi a América Latina. Os autores do estudo atribuíram a desaceleração do crescimento ao contexto regulatório relativamente complicado. Ainda assim, os países que têm maior atratividade nesta região, para os questionados, são o Brasil, Chile e México. O primeiro foi eleito por causa do seu tamanho dentro da economia sul-americana, apesar de ter registado vários semestres de crescimento aquém das expectativas. O segundo, o Chile, aparece como tendo o seu maior atrativo no mercado de fundos de pensões, enquanto que no México, é chave o seu tamanho e sua pequena maturidade do mercado.