Como é que as ações norte-americanas vão encaixar uma subida das taxas de juro? A resposta é da BlackRock

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diegodacal, Flickr, Creative Commons

Num contexto em que os dados económicos publicados são uma mescla de sinais positivos e negativos, o habitual seria que existisse o apoio de um rally de obrigações, produzido por um “voo” dos investidores em direção à qualidade. No entanto, os  EUA acabam de passar por esta situação (melhoria dos salários, défice da balança comercial), e o que se seguiu foi uma forte venda de obrigações, que fez com que a rentabilidade das treasury a dez anos descesse dos 2,11% para os 1,91%.

Russ Koesterich, estratega chefe da BlackRock, analisa as implicações desta correção nas obrigações: “A subida dos rendimentos norte-americanos tem sido guiada pelas expectativas de inflação mais elevadas”. Na verdade, as expectativas sobre a evolução da inflação a dez anos aumentaram cerca de 0,4% desde o mínimo alcançado em janeiro, embora ainda esteja abaixo dos níveis de 2014. Se a isto se acrescentar a subida do preço do petróleo, e a melhoria do crescimento na Europa, juntamente com as evidências de estabilização de preços na região, “isto parece que deixou os investidores menos preocupados com as perspetivas de deflação”.

Mas o mais imporante para Koesterich é interpretar as consequências futuras que as vendas de obrigações vão ter nas ações norte-americanas, em vez de se explicar os motivos dessas vendas: “Uma combinação de taxas de juro mais altas e lucros corporativos irregulares manteve sob pressão as ações norte-americanas durante a semana passada. Ainda assim, as perdas foram mais severas para os segmentos de mercado mais sensíveis às taxas, como é o caso das utilities”. Assim, o especialista volta a refutar que “não é necessária uma grande subida de taxas para se colocar uma pressão de queda sobre as partes mais sensíveis das taxas de mercado dos EUA, dado o quão ajustadas estão as valorizações”.

Para além das empresas de serviços públicos, o especialista coloca na lista de suspeitos outros sectores defensivos, como por exemplo o consumo básico, bem como as empresas de pequena capitalização. “Historicamente têm demonstrado ser mais vulneráveis à contração de valorizações à medida que as taxas sobem, e é provável que sofram mais se for assumida uma subida moderada das taxas para este ano”, conclui.