Como comparam as carteiras dos fundos de ações europeias

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Créditos: Viktor Forgacs (Unsplash)

Durante os últimos anos temos assistido a um grande apetite por parte dos investidores no investimento em fundos de ações americanas. De facto, é uma tendência compreensível. Os retornos atingidos pelos principais índices norte-americanos foram relativamente superiores aos retornos atingidos pelos índices europeus. E, como tal, essa região atraiu muitos investidores. Desta forma, o território europeu parece ter perdido alguma atenção.

No entanto, não é por esse fator que os fundos de ações europeias de gestão nacional podem perder a sua relevância. Sob gestão nacional, são sete as estratégias de investimento em ações europeias - todas elas domiciliadas em território nacional. Contudo, a filosofia sob a qual foram construídas difere muito entre si. Nota-se essa diferença, desde logo, quando olhamos para os focos de investimento destes produtos: uns preferem a Europa em si, outros apenas a zona euro.

Depois de observado como comparam as carteiras dos fundos de ações EUA, agora, recorrendo aos dados mais recentes disponibilizados pela Morningstar Direct, analisaremos que diferenças - ou semelhanças - podem ter as carteiras destes sete fundos de investimento focados no Velho Continente.

Contrariamente ao que observámos quando comparámos as carteiras dos fundos de ações EUA - em que o setor tecnológico era o mais privilegiado – os fundos de ações europeias parecem ter uma maior diversificação setorial. Claro que esta alocação também advém, obviamente, da composição do tecido empresarial da Europa. No caso destes fundos é o setor financeiro o mais privilegiado. Efetivamente, os sete fundos em análise tinham uma exposição superior a 15% neste setor. No entanto, como visível, setores como a saúde, ou industrial, também têm um peso relevante entre os sete fundos.

Alocação setorial

O índice MSCI EMU NR EUR, por exemplo, tinha na data em análise uma exposição de quase 15% a empresas do setor financeiro, sendo que, o setor com maior exposição por parte do índice era o consumo cíclico com quase 16%. Dos fundos em análise, nenhum obtém uma exposição superior a 14% a esse setor.  

Ao observarmos as 10 maiores posições de cada carteira, as semelhanças que parecem haver entre os gestores nacionais é a preferência pela empresa ASML Holding – o maior fornecedor de sistemas de litografia para a indústria de semicondutores. Na verdade, a empresa holandesa aparece no top 10 em seis dos sete fundos, sendo que, em alguns fundos é mesmo a maior posição. Também a Siemens e a Louis Vuitton aparecem frequentemente entre o top 10.

Top 10 de títulos nas carteiras

De realçar também o diferente grau de concentração de exposição no top 10 de cada carteira. Alguns fundos apresentam um grau de concentração superior a 40%, enquanto outros ficam pelos 25%. Por exemplo, os dois produtos da Santander Asset Management, o fundo BPI Euro Grandes Capitalizações e o Caixa Ações Europa Socialmente Responsável têm uma concentração ao top 10 de mais de 40%. Enquanto que, a concentração nos fundos IMGA European Equities e o Montepio Ações Europa fica próxima dos 25%.

Do mesmo modo, também o turnover ratio difere bastante entre as sete carteiras, o que pode ser indicativo da diferente gestão e filosofia de investimento aplicada a cada produto.

Como visível abaixo, o mapa de estilo de investimento de cada portefólio demonstra um grande enviesamento para as gigantes empresas europeias e para o estilo core.

Por fim, o posicionamento relativamente à sustentabilidade. O Caixa Ações Europa Socialmente Responsável, como seria de esperar, apresenta a classificação máxima – segundo o rating da Morningstar.