Gerir um fundo que investe em ações emergentes pode representar um árduo desafio. Qual será a abordagem que os fundos geridos por entidades nacionais escolhem para o enfrentar?
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Os mercados emergentes identificam-se como sendo regiões ou países em desenvolvimento que apresentam caraterísticas económicas e financeiras em transição para economias desenvolvidas. Esses mercados têm, por norma, potencial de crescimento rápido, mas também podem ser mais voláteis, nomeadamente, em termos de riscos geopolíticos e instabilidade social, o que se pode traduzir num processo exigente para os gestores de ativos. No último ano, desde a situação económica na China ao conflito no Médio Oriente, até às eleições na Argentina, muitos têm sido os desafios para as empresas nessas áreas geográficas, bem como para os investidores.
Em Portugal, são três as entidades que incluem na sua oferta fundos que se caracterizam por investirem concretamente em ações de países emergentes, e que serão o objeto desta análise. São eles o GNB Mercados Emergentes da GNB Gestão de Ativos, o Caixa Ações Emergentes da Caixa Gestão de Ativos e o Montepio Multi Gestão Mercados Emergentes da Montepio Gestão de Activos.
Esta análise comparativa, com recurso aos dados da Morningstar, assenta numa abordagem focada na alocação geográfica (mais concretamente por país) e setorial. Ainda, os principais nomes incluídos nas carteiras e o nível de sustentabilidade de cada um dos fundos, de acordo com a informação da Sustainalytics, disponibilizada pela Morningstar.
De entre estes três fundos, o fundo da GNB Gestão de Ativos é o mais antigo, com 30 anos e também o maior no que respeita aos ativos sob gestão, com mais de 20 milhões de euros. Por oposição, o Montepio Muti Gestão Mercados Emergentes é o mais recente, ainda que conte já com quase 18 anos de existência, e o mais pequeno em termos de património. Por seu turno, o Caixa Ações Emergentes é aquele com menor risco medido pela volatilidade. De salientar que nesta classe de ativos, o investimento é feito com recurso a investimento indireto, nomeadamente fundos de investimento tradicionais e ETF, em todos os produtos em análise.
Alocação Setorial
Com respeito à alocação setorial, a tecnologia e os serviços financeiros são os setores preferenciais. O primeiro, arrecada mais de 20% da afetação em cada um dos fundos. Também o consumo cíclico e os serviços de comunicação apresentam valores significativos.
Alocação Geográfica
Apesar dos constrangimentos na China no último ano, dados a final de 2023 mostram que este continua a ser o país onde os fundos nacionais de ações emergentes mais investem. Quase 25% da carteira do GNB Mercados Emergentes está alocada ao mercado chinês. Ainda na Ásia, também Taiwan, Coreia do Sul e Índia apresentam valores acima dos dois dígitos, sendo esta última a mais expressiva, fruto de um crescimento económico bastante dinâmico. Na América Latina, é o Brasil quem colhe as maiores preferências, estando próximo dos 10% no caso do Montepio Multi Gestão Mercados Emergentes.
Top 10 Participações
Como previamente referido, todos os fundos em análise investem em ações emergentes através de fundos de investimento ou ETF. No caso do Caixa Ações Emergentes, são apenas seis as participações existentes na carteira. Nos restantes, não chegam às 20. No GNB Mercados Emergentes, é um fundo da BlackRock, o BSF Emerging Markets Equities quem lidera a carteira, com 12,54%. No Caixa Ações Emergentes, o GS Emerging Markets Equities da Goldman Sachs, detêm mais de 18% do total da carteira do fundo. Já no Montepio Multi Gestão Mercados Emergentes o topo é liderado por um ETF da DWS, o Xtrackers MSCI Emerging Markets.
A composição destes fundos, que integram as estratégias nacionais de ações emergentes, inclui nomes, maioritariamente, do setor tecnológico, como a Tawain Semicondutor Manufacturing, a Samsung, a Tencent ou a Alibaba. Curiosamente, não há fundos em comum para as três carteiras em evidência no Top 10.
GNB Mercados Emergentes
Caixa Ações Emergentes
Montepio Multi Gestão Mercados Emergentes
Fonte: Morningstar Direct. Dados a 31 de dezembro de 2023.
Mapa de Estilo
Observando o mapa de estilo de investimento, com dados disponíveis a final do ano de 2023, vemos uma tendência consensual destes produtos para o investimento em ações para lá das empresas de grande capitalização bolsista, as chamadas gigantes, e para o estilo core.
Fonte: Morningstar Direct. Dados a 31 de dezembro de 2023.
Sustentabilidade
No âmbito geral, o nível de sustentabilidade dos três fundos está bastante alinhado. Todos apresentam três globos no rating de sustentabilidade da Morningstar, o que significa que estão na média comparativamente aos seus pares.
Relativamente ao risco ESG, especificamente no lado corporativo, os três fundos têm também valores de score muito semelhantes. Só o GNB Mercados Emergentes está acima da média da sua categoria e, por conseguinte menos bem classificado, uma vez que sendo uma medida de risco, quanto maior, pior.
Em relação ao risco carbónico, é também o fundo mencionado anteriormente que apresenta um valor maior, estando substancialmente acima dos outros dois fundos e da sua categoria. Ao abrigo da regulação SFDR, apenas o Caixa Ações Emergentes da Caixa Gestão de Ativos promove características ambientais, sociais ou de governança, sendo classificado como Artigo 8º.
GNB Mercados Emergentes
Caixa Ações Emergentes
Montepio Multi Gestão Mercados Emergentes
Fonte: Morningstar Direct. Dados a 31 de dezembro de 2023.