Para Mike Biggs, da equipa de Dívida em Moeda Local de Mercados Emergentes na GAM, existem soluções interessantes para usufruir do potencial da classe de ativos para os investidores com menos tolerância à volatilidade que isso implica.
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“A dívida de mercados emergentes em moeda local é basicamente uma classe de ativos de base macro”, proclama Mike Biggs, gestor da entidade suíça GAM e membro da equipa de gestão do GAM Local Emerging Bond Fund, com Rating FundsPeople 2022/23 (em PT e ES). E a forma como a sua equipa aborda a classe de ativos está muito alinhada com esta convicção. “Olhamos para o universo de investimento de uma perspetiva macro global top down, por um lado, e depois sim, tentamos identificar os países que podem rebentar. A ideia não é sermos especialistas na África do Sul ou no Brasil, mas sim ter uma forte sensibilidade acerca de para onde se dirigem as economias da Europa, Estados Unidos ou China, perceber o impacto que isso tem nos preços das commodities e nas taxas de juro e que países emergentes podem beneficiar”, explica.
A vertente cambial é o ponto-chave, para Mike Biggs. “Toda a volatilidade da dívida dos mercados emergentes resultada da componente cambial”, diz. Atualmente, acredita que, perante um crescimento a abrandar nos Estados Unidos e a reabertura da China, o caso base é para um dólar lateral ou fraco. “E quando o dólar está fraco, isso é positivo para as divisas de mercados emergentes”, afirma. Para o gestor, a correlação inversa entre o dólar norte-americano e as moedas emergentes é muito robusta, o que faz com que grande parte dos movimentos de moeda nos mercados emergentes sejam uma história de dólar. Posto isto, se olharmos para o tema de uma perspetiva da divisa norte-americana, o que a dirige? “Um dos fatores, os diferenciais de crescimento. O dólar comporta-se bem quando os Estados Unidos estão a crescer mais do que o resto do mundo, ou quando o mundo está numa recessão absoluta e as pessoas estão assustadas. O que acreditamos é que, neste momento, vemos um pivô do crescimento nos Estados Unidos para o crescimento no resto do mundo. Um cenário que suporta a expetativa de um dólar num movimento lateral ou de enfraquecimento”. O segundo fator: os diferenciais de taxas de juro. Mike Biggs observa que estas começam a atingir o seu topo nos Estados Unidos, mas ainda deverão continuar a subir na Europa e esse “diferencial tem uma grande correlação com o dólar”.
Usufruir das correlações para esbater a volatilidade
A verdade é que a dívida emergente em moeda local sempre foi uma das classes de ativos mais voláteis, imediatamente a seguir às ações de mercados desenvolvidos e às ações emergentes. “As pessoas perguntam-se: em dívida local emergente tenho volatilidade ao nível de ações e retornos de obrigações, isto faz sentido no meu portefólio? Para os institucionais, que compreendem muito bem a volatilidade numa carteira diversificada, faz todo o sentido e aí, acredito que a classe de ativos deve ter uma posição estrutural. Mas se a volatilidade continua a assustar, existem outras soluções”, destaca o profissional da GAM.
Refere-se especificamente a uma das soluções de taxas de mercados emergentes da gama Star, o GAM Star Emerging Market Rates, da casa suíça. “O que tentamos fazer é proporcionar 70% do upside da classe de ativos, com apenas 20% do downside. Mas como podemos fazer isto? As pessoas devem pensar que, ou acreditamos que o mercado é muito ineficiente ou que somos brilhantes a identificar pontos de viragem. Não apostaria no brilhantismo consistente de ninguém”, exclama o gestor.
“Não temos que ser ou fazer nada disso. Se compreendermos bem a volatilidade das moedas dos mercados emergentes podemos diluir a volatilidade de forma muito barata e eficiente”, diz. A cobertura do risco cambial não é, para Mike Biigs o caminho. “Se cobrirmos o risco cambial vamos pagar os cerca de 5% de carry que conseguiríamos com o investimento. Sem o carry, não há razão para estar nos mercados emergentes. No entanto, se as moedas dos mercados emergentes estão muito correlacionadas com alguma moeda dos mercados desenvolvidos, isso significa que podemos cobrir o risco dólar americano estando curtos noutra moeda de um país desenvolvido. E quando estamos curtos dessa forma não desperdiçamos o carry”, explica.
O segredo é, segundo diz Mike Biggs, identificar essa moeda muito correlacionada com os mercados emergentes, mas que é simultaneamente, uma moeda com uma baixa yield. “Este seria o Santo Graal e o grande candidato a preencher este papel é o dólar canadiano”. A correlação entre o dólar canadiano e o índice de dívida emergente em moeda local tem sido historicamente elevada, segundo Mike Biggs, pelo que a solução, segundo explica, passa por se posicionarem longos nos mercados emergentes - o que implica, na prática, estar curtos no dólar americano - e assumir, em simultâneo, uma posição longa no dólar americano e curta no dólar canadiano, o que cancela o primeiro. “Ficamos assim longos nos mercados emergentes, em dólares canadianos. Se esses se movimentam em conjunto, como o fizeram em grande parte da história recente, então a combinação dos dois vai ser muito estável no tempo”, conclui.