Philippe Waechter, economista-chefe de NAM (filial de Natixis Global AM), analisa as chaves da reunião celebrada pelo Comité de Mercado Aberto (FOMC) da Reserva Federal Americana (FED)
Que conclusões tiraram os mercados sobre a última reunião, de dois dias, que se realizou na semana passado no Comité de Mercado Aberto (FOMC) da Reserva Federal Americana (FED)? Em primeiro lugar é interessante analisar as reações do mercado após a conferência de imprensa realizada por Janet Yellen: o índice Dow Jones renovou máximos históricos, o dólar atingiu o máximo de seis anos contra o iene e as bolsas europeias subiram, com a expectativa de que a autoridade monetária deve seguir o plano, isto é, não aumentar os juros.
Os mercados estão a prever o aumento dos preços na próxima primavera, pelo que é interessante a dispersão das previsões das subidas das taxas de juro entre os membros da FED, algo que se tem notado há alguns meses e onde se foca Waechter, economista-chefe de NAM (filial de Natixis Global AM): enquanto a taxa média dos fundos da FED se fixou em 1% em junho, aumentou recentemente para 1,375%. “Há um ajuste importante entre as médias de junho e de setembro, mas os perfis de distribuição não são assim tão diferentes. Se queremos encontrar espaço real entre as curvas (ver gráfico), temos de olhar o ponto 1,875%. Quatro participantes da reunião de setembro esperam este nível para o final de 2015”, disse o especialista que interpreta os dados como uma reflexo das divergências de opinião entre os membros do comité e a presidente da FED.
Na verdade, a votação desta última reunião foi encerrada com dois dissidentes (8 votos a favor e 2 contra). Richard Fisher, da Fed de Dallas, e Charles Plosser da Fed da Filadélfia não seguiram a opinião da maioria. O primeiro votou contra, por considerar que se deveria acelerar a subida das taxas enquanto o segundo se opôs à linguagem de “um tempo considerável” quando se fala na permanência das taxas de juro.
“Em junho, 16 membros tinham direito de voto e a média, 8, estava em 1%. Em setembro, o número de votantes desceu para 17 e a média, 9, estava em 1,375%. Não temos experiência sobre este tipo de previsões e não sabemos o quão credível é o numero esperado para finais de 2015”, continua o economista. “O que sabemos é que a presidente da FED tem a maior responsabilidade para determinar a postura da política monetária. Isto foi válido para Greenspan e para Bernanke e parece que também vai ser para Yellen”, acrescenta, salientando que não sabem quem votou, porque o escrutínio é anónimo...embora o seu discurso não tenha sido duro”.