Os últimos 12 meses não foram simpáticos para os mercados de ações e a rentabilidade do mercado de obrigações investment grade foi espremida ao máximo. Neste contexto, convém identificar quais são os fundos que maior consistência de resultados conseguem demonstrar perante estes cenários adversos.
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Os últimos 12 meses não foram simpáticos para os mercados de ações e a rentabilidade do mercado de obrigações investment grade foi espremida ao máximo. Neste contexto, convém identificar quais são os fundos que maior Consistência de resultados conseguem demonstrar perante estes cenários adversos. Agregando 4 dos 216 fundos consistentes de 2016, segundo a metodologia Funds People, a categoria Cautious Allocation inclui produtos cuja alocação dos portfólios ao segmento ações é limitado a 35%. São portanto, fundos que acabam por estar sobre-ponderados ao segmento obrigações e apresentar, regra geral, uma menor volatilidade. O universo de investimento vai mais além do que estas classes de ativos, incluindo investimentos alternativos e derivados.
No geral, falamos de uma categoria dominada em termos de património pelo fundo M&G Optimal Income, com uma dimensão superior a 20.000 milhões de euros (embora a moeda base da classe Consistente seja o dólar), que compara com os 614 milhões de euros do IMGA Prestige Conservador, 192 milhões de euros do Credit Suisse Portfolio Fund Reddito e apenas 60 milhões do IMGA Poupança PPR.
Com referência a 31 de Dezembro de 2015, a rentabilidade média em euros a 3 anos dos quatro produtos, atingiu os 5,31%, com uma volatilidade média no mesmo período de 5,51%. No entanto, verificamos uma grande dispersão dos resultados, com o M&G Optimal Income a assumir a posição líder nos retornos em euros a 1, 3 e 5 anos, fruto do movimento acentuado de valorização do dólar (moeda base da classe em questão), que deu o seu contributo para a volatilidade também. Em moeda base, o fundo da M&G rendeu 3,58% nos últimos 3 anos civis, com um desvio-padrão de 3,48%. Com base neste critério de análise, é então o fundo do Credit Suisse que ganha a posição de destaque, com o melhor retorno, tanto absoluto como ajustado pelo risco, sendo o único produto com um rácio de Sharpe acima de um. De realçar que ambos os fundos da IM Gestão de Ativos apresentam taxas de retorno, nos períodos a um, três e cinco anos, penalizadas pelo anterior regime de tributação dos organismos de investimento coletivo que tributava as mais valias e demais rendimentos auferidos no próprio organismo. À data de 18 de abril, a categoria evidencia uma recuperação year-to-date dos mínimos, ganhando uma média de 0,31% em euros.
M&G Optimal Income A-H Acc Hdg USD
Gerido por Richard Woolnough, o M&G Optimal Income apresenta a totalidade do portefólio investido em obrigações. A estratégia de investimento é bastante flexível, possibilitando a tomada de posições em títulos de fixed income, sem restrições ao nível de risco de crédito, maturidades ou domicílio, podendo inclusive investir até 20% do património líquido em ações, caso vejam nestas maior valor que o da própria dívida.
No entanto, o gestor salienta, neste início de ano, que apesar das ações “terem ficado mais atrativas, também ficaram as obrigações. De um ponto de vista relativo, as ações não são suficientemente convincentes para incrementar a exposição a este ativo”. As obrigações corporativas dos Estados Unidos e Reino Unido têm uma posição preponderante no portefólio, em termos de exposição direta, mas a gestão pode utilizar e utiliza derivados, seja para a constituição de posições de investimento seja para uma gestão mais eficiente do portefólio.
A gestão aposta numa carteira de reduzida duração (2,2 anos), resultado da convicção de Richard Woolnough de que as curvas de yields bastante planas não compensam o risco de aumentar a duração. No entanto, não passaram ao lado das oportunidades em high yield, com um terço da carteira exposto a este segmento, em sectores como as telecomunicações, media e saúde. A exposição ao sector energético é negligenciável.
Credit Suisse (Lux) Portfolio Fund Reddito EUR B
O fundo CS Portfolio Fund Reddito, gerido por Spadaccia Francesco desde dezembro de 2012, distingue-se por ter uma inclinação assumida em prospecto para uma sobre-ponderação em ativos italianos. A estratégia está orientada para o investimento em obrigações de taxa fixa ou variável denominada em euros, com grau de investimento. O destaque na carteira vai para a dívida soberana, que representa mais de 60% da carteira de obrigações. Já as ações representam cerca de 20% do património líquido, evidenciando uma propensão para o investimento em títulos de elevada capitalização de mercado, sem um estilo value ou growth evidente. A alocação geográfica da carteira de ações está concentrada na Europa desenvolvida, embora a posição em ativos norte-americanos seja também significativa (28%). O sector financeiro sobressai entre os restantes.
IMGA Prestige Conservador – Fundo de Investimento Mobiliário Aberto
Com uma história de mais de 20 anos, o fundo de investimento IMGA Prestige Conservador é atualmente gerido por David Santos Pinheiro, um dos mais jovens gestores de ativos em Portugal e já com 5 anos de experiência na gestão do fundo. O objetivo da gestão passa por proporcionar uma rentabilidade de médio/longo prazo aos participantes, através do investimento equilibrado e diversificado em termos de classes de ativos, instrumentos financeiros, áreas geográficas e divisas. A parte mais significativa das posições é constituída através de unidades de participação de outros fundos de investimento, embora com uma exceção, na gestão de liquidez. Esta é efetuada através do investimento direto e é gerida pela equipa de fixed income da IMGA.
A classe de ativos de obrigações representa cerca de 56% do valor líquido global do fundo e é constituída, essencialmente, por instrumentos de crédito empresarial e dívida soberana de economias desenvolvidas. Inclui também uma pequena posição em high yield. Já a carteira de ações pesa cerca de 23% no património líquido, com um enfoque em empresas de elevada capitalização de mercado da Europa desenvolvida e EUA, a par com uma pequena alocação à Ásia desenvolvida. Distribuída por diversas geografias, a posição na carteira de ações do fundo em mercados emergentes não chega a 5%.
O recurso a derivados faz parte da gestão corrente do fundo, seja para gestão de risco ou exposição adicional. Efetivamente, duas das posições constituídas mais recentemente, à luz da volatilidade dos mercados e maiores probabilidades de um cenário de recessão, passaram pela cobertura de parte do risco do mercado acionista, através de posições curtas em futuros e o aumento da exposição à dívida soberana norte-americana, com posições longas no mesmo tipo de instrumentos derivados.
Pelas mesmas razões e na procura de rentabilidades descorrelacionadas com o mercado, a equipa de David Pinheiro tem aumentado a exposição a fundos de investimento não direcionais, nomeadamente, fundos de alpha, market neutral e, inclusive, um fundo de volatilidade, que segundo o gestor “tem ajudado a amenizar as quedas”.
IMGA Poupança PPR – Fundo de Investimento Aberto de Poupança Reforma
Gerido igualmente por por David Santos Pinheiro, este fundo, como PPR, tem como objetivo a busca de uma rentabilidade de longo prazo, sendo que para isso deverá investir principalmente em dívida corporativa e soberana de entidades cujo rating de crédito seja investment grade no momento da tomada de posição. Desde modo, a carteira tem na sua constituição um peso de 55% de obrigações – de economias desenvolvidas europeias e EUA - 23% ações - principalmente de economias europeias desenvolvidas e EUA, mas também uma pequena posição na Ásia e a mercados emergentes dos diversos continentes - e pouco mais de 10% em liquidez. Para a constituição da carteira, a gestão utiliza, principalmente, unidades de participação em outros fundos de investimento.
O recurso a derivados faz parte da gestão corrente do fundo, seja para gestão de risco ou exposição adicional. Efetivamente, duas das posições constituídas mais recentemente, à luz da volatilidade dos mercados e maiores probabilidades de um cenário de recessão, passaram pela cobertura de parte do risco do mercado acionista, através de posições curtas em futuros e o aumento da exposição à dívida soberana norte-americana, com posições longas no mesmo tipo de instrumentos derivados.
Pelas mesmas razões e na procura de rentabilidades descorrelacionadas com o mercado, a equipa de David Pinheiro tem aumentado a exposição a fundos de investimento não direcionais, nomeadamente, fundos de alpha, market neutral e, inclusive, um fundo de volatilidade, que segundo o gestor “tem ajudado a amenizar as quedas”.