Desde os máximos de setembro de 2024, 50% dos valores do MSCI Índia registaram uma queda de pelo menos 20%. Hiren Dasani, gestor principal do GS India Equity, acredita que esta correção representa apenas uma desaceleração cíclica da economia.
O mercado acionista indiano entrou oficialmente em território de correção. Desde os máximos registados em setembro de 2024, 50% dos valores do MSCI Índia sofreram quedas de pelo menos 20%. O impacto foi ainda mais acentuado nas ações de pequena e média capitalização. Setorialmente, os segmentos mais penalizados foram os serviços financeiros e o consumo discricionário, precisamente as áreas do mercado que registaram o melhor desempenho nos últimos anos. "Dado que as avaliações iniciais estavam elevadas, os mercados reagiram a vários sinais de fraqueza macroeconómica que surgiram nos dados do último trimestre do ano", explica Hiren Dasani, co-responsável de Ações de Mercados Emergentes e gestor principal do GS India Equity.
No ano passado, a economia indiana cresceu 8% em termos reais. No entanto, a grande preocupação dos investidores foi a desaceleração do terceiro trimestre, quando o crescimento anual caiu para 5,6%. Além do ruído político associado às eleições, a contração fiscal e uma política monetária mais restritiva também contribuíram para este enfraquecimento económico, explica o gestor.
Para Dasani, trata-se apenas de uma fase temporária. Na sua opinião, esta desaceleração cíclica da Índia já atingiu o seu ponto mais baixo e encontra-se em recuperação. O crescimento do quarto trimestre de 2024 foi de 6,2%, e a previsão do especialista é que o primeiro trimestre de 2025 feche próximo dos 7%. "Os fundamentais atingiram o seu ponto mais baixo. Estamos a ver um retorno ao crescimento dos lucros e ao investimento em capex desde junho de 2024", argumenta Dasani. Embora nunca seja possível prever com certeza o fim das quedas, o gestor acredita que uma nova correção no mercado acionista indiano parece limitada.
Perante as quedas no GS India Equity, um fundo com Rating FundsPeople, a equipa aproveitou a oportunidade para reforçar posições em algumas empresas afetadas e realizar mais-valias noutras. "O momentum durante uma correção pode ser muito forte. Se, após uma queda, não tivermos convicção suficiente para reforçar uma posição, isso é um sinal de que devemos encerrá-la", reconhece Dasani.
Atualmente, o fundo vê oportunidades em novas categorias do setor de serviços, impulsionadas pelo crescimento da classe média, incluindo retalho, moda especializada e turismo. Além disso, há potencial no setor financeiro, com corretoras, fintechs e negócios ligados à gestão de ativos, bem como na indústria transformadora.
A tese do investimento em ações indianas mantém-se
Apesar da recente fraqueza, a tese de investimento de Dasani para o mercado acionista indiano continua inalterada. A demografia favorável, caracterizada por uma população jovem e uma classe média em ascensão, aliada a um setor empresarial dinâmico, sustenta o otimismo dos investidores. A Índia não só cresceu a uma média de 11% ao ano nos últimos 20 anos, como também é um dos poucos mercados onde as empresas cotadas refletem esse crescimento da economia doméstica.
As reformas estruturais implementadas pelo governo de Modi já estão em fase de execução e a produzir resultados. As medidas direcionadas à redução da inflação para 4% ajudaram a estabilizar a moeda, enquanto as reformas fiscais estão a transformar a economia informal numa fonte de receita para o governo, que por sua vez reinveste esses recursos no desenvolvimento de infraestruturas.
No que diz respeito à digitalização da economia, Dasani destaca a transformação vivida pela indústria de serviços e pelo setor bancário na Índia. "Os pagamentos digitais dispararam nos últimos cinco anos. Em cidades como Mumbai ou Nova Deli, já é possível viver sem dinheiro vivo", afirma o gestor. À medida que mais cidadãos obtêm acesso a contas bancárias, os bancos também acumulam mais dados sobre o consumo, permitindo uma melhor avaliação do risco de crédito e facilitando o financiamento para empresas e consumidores.