Cresce o sentimento negativo entre os gestores: só 27% acredita que a economia crescerá, o número mais baixo desde abril de 2020

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Créditos: Marek Piwnicki (Unsplash)

A expansão da variante Delta e as dúvidas que há quanto ao crescimento económico de uma grande locomotora do mundo como é a China são duas das causas que podem estar por detrás da mudança de sentimento de mercado que se está a ver este mês nos gestores de fundos.  O inquérito a gestores que realiza mensalmente a Bofa Securities revela que, ainda que se tenha realizado anteriormente à crise do Afeganistão, há uma grande deterioração das perspetivas económicas destes profissionais dos investimentos.

Para dar alguns exemplos, agora só 27% dos inquiridos acredita que a economia vai crescer nos próximos 12 meses, o número mais baixo desde abril de 2020, quando o mundo estava imerso na primeira onda da pandemia. E essa negatividade passa também para as suas previsões corporativas. Só 41% dos inquiridos acredita que os lucros corporativos continuarão a subir, metade dos que o defendiam, há um mês. 7% considera que as margens vão contrair-se.

Isto percebe-se, apesar de serem mais (64%) os que consideram que a subida da inflação que abalou os mercados este ano é transitória. Contudo, isso não faz com que a opinião da maioria seja de que a Fed começará a retirar os estímulos este ano, como defendido por 84% dos inquiridos.

Apesar de tudo, na lista de riscos, de facto, a inflação ainda é o grande risco enfrentado pelos gestores, embora tenha diminuindo face ao mês anterior. Sobe, contudo, nesta lista de riscos, o impacto que possa ter na economia e nos mercados a variante Delta da COVID-19 e surge a política chinesa, a mesma que causou quedas acentuadas nos últimos meses nas ações mais ligadas à tecnologia.

Como posicionam as carteiras

Perante este aumento do sentimento de mercado negativo, não é de estranhar que os gestores comecem a tirar setores defensivos com os quais se proteger em casos de quedas do mercado. De facto, aumentaram este mês posições em setores como o da saúde, os seguros e as utilities, ainda que em linhas gerais continuem a ser os setores mais cíclicos os que estão mais sobreponderados.

Também se notou um leve aumento na exposição à liquidez e uma redução da exposição a matérias-primas e a ações, ainda que segundo explicam na BoFa Securities, não há nenhum sinal de que possamos estar às portas de uma rotação de ações para obrigações.