Num pequeno-almoço organizado pela FundsPeople em parceria com a HSBC, os principais benefícios e riscos dos ETF foram um dos temas abordados, mas não só. Os profissionais que participaram no debate partilharam também os fatores que consideram na hora de escolher estes veículos de investimento.
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Os ETF continuam a estabelecer recordes em 2024, consolidando-se como um pilar fundamental na gestão de investimentos. Em outubro, segundo dados da LSEG Lipper, o mercado europeu de ETF atingiu os 1,94 biliões de euros em ativos sob gestão. Assim, e tendo em conta o seu cada vez maior protagonismo, estes produtos foram o tema central num pequeno-almoço organizado pela FundsPeople em parceria com a HSBC.
Neste encontro, Marta Bretones Benavides, responsável de ETF e Indexing Sales para a Península Ibérica na HSBC, João Tomás Drumond, gestor de portefólios na BPI Vida e Pensões, Rui Broega, diretor da Gestão de Ativos do BiG e Ana Onofre, gestora de fundos, na Montepio GA, partilharam quais são atualmente, na ótica de cada um, os principais benefícios e riscos dos ETF, e que fatores consideram na hora de escolher estes veículos.
A profissional da Montepio Gestão de Ativos começa por partilhar que, na sua opinião, os maiores benefícios de um ETF são a diversificação e os custos mais baixos. “A eficiência de custos é importante, especialmente nas obrigações. Nos ETF os custos são efetivamente mais baixos”, afirma. Ana Onofre destaca ainda a transparência que considera “um fator muito importante porque só investimos em ETF passivos”. A profissional esclarece que detêm apenas ETF de replicação física. Optam então por não ter instrumentos sintéticos, evitando assim alavancagem por não quererem ter “essa complexidade nas carteiras”.
Marta Bretones Benavides concorda: “Os principais benefícios são sempre a eficiência de custos e a transparência”. A profissional acredita que o que os clientes procuram nestes produtos é, de facto, a eficiência de custos. Adicionalmente, destaca o maior controlo sobre a carteira como outro dos benefícios associados aos ETF. “Não dependemos de um gestor. Tudo é mais controlado e transparente e isto reflete-se na carteira”.
Além dos já mencionados benefícios, Tomás Drumond destaca também a “simplicidade da sua utilização” em alocações estratégicas e táticas. “É muito fácil implementar uma estratégia”, conta, acrescentando que, “mesmo quando queremos tomar uma decisão tática, é muito mais fácil, especialmente nas obrigações. Aumentar ligeiramente a duração, por exemplo, torna-se muito mais fácil fazê-lo através de ETF do que ter que rodar vários títulos de uma carteira”. Por sua vez, Rui Broega sublinha a “diversificação com liquidez a baixo custo”, afirmando que “continuam a ser os drivers de sucesso destes instrumentos”. Segundo o profissional do BiG, a isso junta-se ainda a “atratividade de terem democratizado o acesso a nichos de investimento que anteriormente não existiam e/ou eram demasiado difíceis de aceder”.
A liquidez é ou não um risco?
No entanto, estes produtos também acarretam alguns riscos e aqui Ana Onofre destaca a liquidez. “É provavelmente o maior risco que vemos nos ETF”. Além disso, a gestora de fundos da Montepio GA menciona também a volatilidade de mercado: “Fixamos o preço dos ETF ao preço de mercado, não porque tenhamos de o fazer, mas dado que temos essa opção, escolhemos fazê-lo”, encontrando-se assim expostos a esta volatilidade.
No entanto, Marta Bretones Benavides afirma não ter “tanta certeza quanto à liquidez”. Quando pensamos na liquidez de um ETF, normalmente olhamos para os ativos sob gestão, mas, na realidade, na opinião da profissional da HSBC, “a liquidez de um ETF é a liquidez dos ativos subjacentes. Assim, se os ativos tiverem liquidez, o ETF também terá”. Desta forma, não se trata tanto do produto, do instrumento ou do conjunto de nomes, mas dos ativos que estão, ou não, incluídos. “Penso que é isto que devemos ter em conta quando olhamos para um ETF”, acrescenta.
Por sua vez, Tomás Drumond menciona o risco do mercado de ETF estar a ficar sobrelotado. “Isto poderá causar problemas de liquidez e, provavelmente, terá consequências na fixação de preços, porque, à medida que mais pessoas forem investindo em ETF, haverá menos investimento direto”. Já a Rui Broega preocupa-o as componentes de replicação sintética ou alavancada, “por serem tipicamente instrumentos onde os investidores poderão não entender corretamente a sua mecânica e riscos implícitos”.
Custos e performance de mãos dadas
Os custos surgem novamente quando o tema são os fatores a considerar na hora de escolher um ETF. “A estrutura de custos é muito importante e a volatilidade do preço também, especialmente no caso de ETF que replicam índices”, afirma Tomás Drumond. Também o tracking error é, naturalmente, outro dos fatores a considerar na escolha de um ETF, segundo o profissional da BPI Vida e Pensões.
Para a profissional da HSBC a questão prende-se, aliada aos custos, com a performance. “Penso que o que os clientes veem primeiro é o custo, qual deles é o mais barato”. Depois de localizado o mais barato, explica, olham para o desempenho, verificam se a performance é boa, ou se não há “momentos assustadores” em que, de repente, se perde performance. “Também é importante verificar se segue o benchmark que queremos”, acrescenta. Outro fator que Marta Bretones Benavides tem em conta é o nome da entidade emitente. “Há cada vez mais players a chegar ao mercado, e mais players virão, por isso, é importante que seja uma entidade fiável”, afirma. Ana Onofre partilha da mesma opinião, afirmando que “normalmente temos ETF de entidades com as quais temos alguma ligação através de fundos ativos, uma vez que muitas destas entidades têm essas duas vertentes”.
Como relata Ana Onofre, na Montepio GA acabam por ter em conta os mesmos fatores já mencionados, mas para a profissional há ainda outro fator que é muito importante: a estratégia de replicação. “Para nós, é importante se é física, se é sintética, se é alavancada e se tem opções de empréstimo de títulos. Temos de ter cuidado com isso”, explica a gestora
Por último, Rui Broega, ao escolher um ETF em comparação com outros veículos de investimento, tem em consideração “elementos relacionados com objetivos de investimento, estrutura agregada de custos, perfil de liquidez, estilo da estratégia de investimento, vetores de risco de mercado e de contraparte presentes”.