Dados objetivos para saber qual é o verdadeiro interesse pelos fundos ISR

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Fala-se muito de Investimento Socialmente Responsável (ISR). Será demais para o peso que tem na Europa? Ao dar uma vista de olhos aos valores, o que é certo é que não. “Atualmente, do total de ativos com os quais a indústria de gestão de ativos conta a nível europeu, 6% está em fundos de investimento que seguem uma filosofia puramente ESG. É uma percentagem muito importante. Embora os fundos ISR contem com uma vida muito mais curta do que os fundos cotados, conseguiram alcançar muito rapidamente uma quota de mercado semelhante à da que os ETF têm atualmente. Isto não é uma coisa que os meios de comunicação falem”, explica Detlef Glow, responsável de Análise da Lipper para a EMEA na 17th European Fund Distribution Landscape Seminar organizado pela Accelerando Associates.

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A indústria não pode ignorar o ISR. A Europa está totalmente virada para o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, que estabelece medidas para a redução das emissões de gases de efeito de estufa. A região está empenhada neste assunto e quer ir mais longe do que qualquer um nesta área”, sublinha o especialista. E as gestoras estão a preparar-se para isso. Fazem-no de duas formas. A primeira: colocando à disposição dos clientes produtos com uma filosofia de investimento socialmente responsável. São cada vez mais as entidades que estão a lançar no mercado estratégias que tem o apelido ISR. A segunda, menos usual mas que também algumas entidades estão a pôr em prática, é a de transformar toda a gama em produtos ISR. É o caso da Amundi, entidade que irá aplicar critérios ISR em todos os seus fundos em 2021.

A perceção de que as gestoras têm sobre o interesse que o ISR suscita entre os seus clientes europeus é variada, porque o sucesso destes produtos é muito desigual a nível regional. Em determinados países europeus, como os nórdicos ou a França, o interesse tem vindo a traduzir-se em fluxos desde há alguns anos, enquanto que noutros, entre os quais se encontra a Península Ibérica, o interesse é ainda muito incipiente, embora também se esteja a considerar. “Já falamos há vários anos sobre aquilo que o ESG contribui, mas não foi até este ano quando começámos a ver que há um interesse genuíno e verdadeiro por parte dos investidores em fundos que investem de forma empenhada com a sociedade, o meio ambiente, o governo corporativo… Esta corrente de pensamento já se está a refletir em investimentos”, assegura Beatriz Barros de Lis, diretora geral da AXA IM para Portugal e Espanha.

Segundo uma sondagem realizada pela Accelerando Associates a 76 vendas da Europa (principalmente no Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Suíça e Itália), 82% asseguram que estão a ser testemunhas de uma procura real por parte dos seus clientes (24% dessa percentagem respondem que esse interesse é muito forte, enquanto a maioria – 58% - reconhece que a procura existe mas de forma muito seletiva). A procura por estes produtos mostrou uma tendência em subida nos últimos sete anos. Desde 2011, o património foi crescendo de forma ininterrupta. Os fluxos estão a ser canalizados basicamente através de produtos de ações, categoria que concentra a maior parte dos ativos que há atualmente na Europa em fundos ISR. No entanto, o património em fundos ISR de obrigações, multiativos e até monetários também tem aumentado.

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“Um dos dados mais interessantes é que, este ano, apesar das saídas que os fundos convencionais estão a registar na Europa, os produtos ISR estão a atrair fluxos”, assinala Glow. Embora estes dados apenas mostrem os valores em fundos puramente ISR, o número de produtos que no seu prospeto incluem este critério está a aumentar. “Isto quer dizer que tanto o património como a quota de mercado destes produtos são maiores do que a que estes números mostram”, destaca Philip Kalus, diretor executivo da Accelerando Associates. Também demonstra que a indústria quer ser verde e que se propôs a integrar o ISR no processo de análise de todos os seus produtos. “É um tema que está a aprecer na maioria das reuniões que as gestoras têm com os seus clientes”, recorda o responsável de Análise de Lipper para a EMEA.

Fluxos históricos para os fundos ESG na Europa

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Fluxos históricos para fundos ESG por classe de ativo

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Fluxos para fundos ESG face a fundos para fundos convencionais na Europa

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Fonte dos gráficos: Lipper (Refinity).