De-risking agressivo na gestão de patrimónios 

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Thomas Leth-Olsen, Flickr

Se há um ano o peso do investimento direto em ações na gestão de patrimónios era já reduzido, representando cerca de 5% do total dos ativos sob gestão, desde então, e com referência ao final do semestre, as entidades gestoras de patrimónios nacionais têm vindo a reduzir ainda mais o risco acionista nas carteiras. Isto está patente nos dados divulgados pela CMVM, que mostram uma quebra de 32,2% no investimento em ações nacionais e de 26,2% nas ações internacionais. Isto representa uma quebra do investimento da gestão de patrimónios nas empresas nacionais - seja por efeito mercado ou desinvestimento - de 280 milhões de euros no período de um ano. 

As obrigações corporativas também não ficam imunes ao modo risk off das entidades gestoras. As obrigações nacionais recuaram 12,4%, enquanto que as obrigações de empresas estrangeiras (incluindo obrigações de empresas nacionais emitidas no estrangeiro) recuaram 5,3% nos últimos 12 meses, com referência a 30 de junho. 

No entanto, considerando que os ativos sob gestão verificaram um crescimento no período em análise, para onde foi este dinheiro? 

Por um lado, a dívida pública estrangeira foi uma das grandes rubricas vencedoras nos últimos 12 meses. A rubrica cresceu 26,1%, para os 11.236 milhões de euros, o que representa 2.323 milhões de euros adicionais. Há que realçar que o efeito de mercado terá sido significativo, considerando que em 2019 temos observado uma contração agressiva de yields na dívida pública europeia e norte-americana. 

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Por outro lado, os fundos de terceiros foram também um dos principais destinos do dinheiro gerido pela gestão de patrimónios nacional. As unidades de participação dos fundos nacionais cresceram 8,4% em 12 meses, enquanto que os fundos estrangeiros cresceram 3,4%. No total, falamos de 12,6 mil milhões de euros alocados a fundos de investimento. Já no que se refere à alocação específica desta rubrica por classe de ativos, a CMVM não providencia os detalhes, mas com dados da APFIPP, que representa mais de 90% do mercado, é possível retirar algumas conclusões