Duarte Rodrigues (BPI GA): “Ainda conseguimos encontrar valor e oportunidades no mercado de high yield”

Duarte Rodrigues BPI High Income gestao de ativos
Duarte Rodrigues. Créditos: Vitor Duarte

Duarte Rodrigues, gestor do BPI GIF High Income Bond explicava recentemente à FundsPeople a abordagem “eminentemente fundamental", assente “na seleção individual de empresas, com base em métricas e fatores de risco específicos”, que rege a gestão deste fundo de high yield luxemburguês da BPI Gestão de Ativos. Dizia então, o gestor, que quando olha para uma empresa, procura “tendências positivas ao nível das métricas de crédito e com boas perspetivas de desalavancagem”, mas também “empresas com modelos de negócio sólidos, mas expostas a outros fatores de risco”. 

Uns meses depois, tendo fechado o ano de 2021 como o fundo de obrigações de gestão nacional mais rentável do ano (em absoluto e por unidade de risco), Duarte Rodrigues descreve os momentos e as decisões que marcaram o ano. “Desde final de 2020 que tivemos uma visão positiva para os ativos de risco em especial para a classe de high yield e para os setores mais cíclicos e mais fortemente impactados pela pandemia”, introduz. 

Esta visão refletiu-se, assim, no posicionamento do fundo que, “desde então e, salvo ligeiras alterações, se manteve ao longo do ano”. O gestor privilegiou empresas de setores industriais e de consumo, “nos quais se incluem desde empresas naturalmente cíclicas, até empresas altamente impactadas pelo contexto de pandemia e que ofereciam um elevado potencial de recuperação pós-pandemia”. No primeiro caso, aponta as construtoras, empresas de shipping e fabricantes automóveis, como alguns dos exemplos, enquanto que no segundo, releva aeroportos, companhias aéreas e hotéis. 

Além disso, como aponta o gestor, o portefólio tem mantido uma alocação estratégica ao setor financeiro, nomeadamente a instrumentos subordinados (AT1 e LT2). “Estamos a falar genericamente de instituições de grande dimensão, de boa qualidade de crédito, altamente reguladas, cujas obrigações subordinadas apresentam um prémio de risco e um potencial de remuneração muito interessantes, ao mesmo tempo que são um elemento diversificador numa carteira de high yield mais tradicional”. 

Estes temas, segundo diz, contribuíram positivamente  para a performance de 2021, tanto ao nível da alocação setorial como da seleção individual em cada setor.

A fotografia presente e as perspetivas de futuro

Apesar da forte tendência de compressão de spreads a que assistimos praticamente desde março do ano passado, ainda conseguimos encontrar valor e oportunidades no mercado de high yield”, introduz Duarte Rodrigues. 

O facto de os spreads se encontrarem em níveis historicamente baixos é, para o profissional, uma questão relevante.  No entanto, “a melhoria clara dos fundamentais e das métricas de crédito, com as empresas a crescerem resultados, a desalavancar o balanço, e a aumentar a liquidez”, bem como “taxas de default numa tendência descendente e em valores historicamente baixos”, suportam, para o gestor, uma visão de potencial no segmento high yield. “Apesar de estarmos mais próximos de uma gradual retirada de estímulos por parte dos principais bancos centrais, acreditamos que a classe continuará a beneficiar desse suporte nos próximos meses, bem como da contínua recuperação e reabertura da economia, sobretudo na Europa”, diz.

Duarte Rodrigues e a sua equipa têm procedido a “alguma realocação ao longo do espetro de risco, privilegiando empresas com balanços sólidos, modelos de negócio que possam beneficiar da reabertura da economia, e de indústrias com maior capacidade para refletir nos preços os aumentos de custos”. Acreditam que a tendência de melhoria nas notações de rating que assistimos em 2021 se vai manter em 2022, e veem “algumas oportunidades nos potenciais rising stars que apresentam boas tendências de desalavancagem e um perfil de risco/retorno interessante”. 

Termina com duas notas importantes. Por um lado, tendo em conta os níveis atuais de spreads, o gestor acredita que a componente de carry terá um papel fundamental na geração de rentabilidade nos próximos meses. Por outro, tem privilegiado emissões com maturidades mais curtas na construção da carteira.