Duas oportunidades em crédito europeu detetadas no M&G European Credit Investment Fund

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Gaurav Chatley. Créditos: Cedida (M&G)

Quando falamos com Gaurav Chatley há cinco meses, o gestor da M&G enviou uma mensagem bastante tática sobre como estava então o sentimento do mercado. “Chegou o momento de regressar ao crédito europeu investment grade”. Foi a mensagem enviada pelo gestor do M&G European Credit Investment Fund aos clientes no passado mês de outubro. O investidor ainda estava a recuperar daquele que foi o pior ano para as obrigações em décadas, mas as valorizações estavam a níveis demasiado atrativos para perderem essa oportunidade, insistia Gaurav Chatley.

Claro que desde então as obrigações viveram um pequeno rally, pelo que agora muitos se perguntam se perderam o barco. A sua tese mantém-se? Na opinião do gestor, sim. As valorizações em crédito investment grade continuam atrativas. Mas esta afirmação vem com um aviso: é necessário ser preciso na seleção.

Um indicador que Gaurav Chatley utiliza é a dispersão nas yields entre o primeiro quartil e o último de emitentes corporativos europeus. Isto é, embora a yield média do índice Euro Corporate esteja em 141 pontos base abaixo da média histórica, há uma grande diferença entre os 202 pontos base de média de um grupo e os 98 de outro. Assim, a dispersão ainda se move em níveis semelhantes ao da correção da COVID (em fevereiro de 2020).

Na opinião do gestor, apesar da recuperação no segmento, não há sinais de aglomeração. “O crédito aumentou fortemente, mas a maioria dos clientes ou comentários de mercado não refletem euforia. O sentimento ainda não recuperou por completo”, afirma. 

Duas ideias no M&G European Credit Investment Fund

A equipa gestora do M&G European Credit Investment Fund deteta dois segmentos do crédito europeu investment grade que se movem com valorizações atrativas: o setor financeiro e o imobiliário.

Na dívida financeira, os receios do impacto de uma recessão levou os spreads a níveis atrativos. Tanto a nível geral como em comparação com outros setores não financeiros. O spread de crédito entre dívida sénior financeira e a não financeira ainda está acima dos 100 pontos base. É um reflexo da preocupação do mercado com o impacto nos NPL no caso de uma recessão. E é uma preocupação que Gaurav Chatley não partilha. “Se houver uma recessão, um consumidor comprará mais rapidamente um produto mais barato para poder pagar a sua hipoteca do que o contrário”, argumenta.

É um setor que já parecia interessante à equipa gestora no trimestre anterior. É uma aposta que se mantém em carteira, mas que estão a jogar de uma maneira diferente. Agora consideram a dívida financeira sénior mais atrativa, enquanto antes preferiam o papel lower tier 2.

Quanto à segunda ideia, o setor imobiliário (via reits) sofreu uma correção maior do que outros em 2022. Assim, o diferencial no spread de crédito de reits em comparação com outra dívida com rating BBB não financeira está nos 60 pontos base.

Fatores da consistência do M&G European Credit Investment Fund

O M&G European Credit Investment Fund obteve novamente o Rating FundsPeople devido à consistência (retorno ajustado ao risco a cinco anos) do seu track record. E desde o seu lançamento em 2011, o fundo bateu o seu índice de referência em 38 dos 47 trimestres. 

É o resultado de um processo de investimento puramente bottom-up. De facto, a equipa gestora não conta com um economista, nem com um estratega de mercados. A carteira reflete unicamente uma exaustiva análise das valorizações. É a resposta à pergunta: este preço compensa o risco assumido?

Este estilo value aplicado às obrigações vem com as suas próprias idiossincrasias. Como reconhece Gaurav Chautley, no mercado de crédito o potencial de queda é muito maior do que o de subida. Por isso, a proteção da carteira é crucial. O escudo do M&G European Credit Investment Fund é a diversificação. A carteira é composta por 500 emissões para eliminar o risco de perda de capital se alguma aposta acabar por ser errada.