Funds People Portugal entrevista Vasco Teles, acerca do fundo Espírito Santo Euro Bond, fundo premiado este ano pela Lipper, em Espanha na categoria Bond Eur a 5 e 10 anos.
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Qual é o processo de investimento?
O processo prevê as fases típicas da gestão de activos, de definição de classes de activos em sede de comité de investimentos, afinação e decisão dos temas no seio da equipa de obrigações e a melhor execução na mesa, preferencialmente em plataforma electrónica concorrencial.
Universo de investimento?
O fundo replica o mercado de obrigações governamentais de taxa fixa da zona euro, podendo, todavia, ter exposição a outras classes de activos, como dívida empresarial, sem, contudo, desvirtuar a sua característica fundamental de fundo de governos que complementa carteiras de activos de risco, com o valor da diversificação.
Como escolhem os activos nos quais pretendem investir? Que tipo de análise realiza? Utiliza filtros quantitativos?
Mediante o processo de investimento, na fase imediatamente anterior à execução, são utilizadas ferramentas internas e externas, de auxílio à definição dos activos a comprar ou a desinvestir; as ferramentas são sobretudo análises fundamentais, complementadas com análises quantitativas específicas título a título.
Qual é o tipo de abordagem feito: bottom-up , top-down ou uma mistura?
Este ambiente de investimento é recente, vem de 2007, altura é que constatámos que muitas coisas tinham mudado no mundo, em especial na Europa, o que nos fez adequar a carteira a um quadro contracção monetária prolongada; posteriormente, na fase subsequente do ciclo, em que os créditos estão já nas últimas fases de reequilíbrio, a abordagem é feita caso a caso, com o objectivo de perceber se os benefícios já compensam os riscos.
Qual é o património e composição da carteira do fundo?
A composição, nos últimos anos, tem estado concentrada em obrigações dos países centrais da zona euro, situação apenas atenuada a partir do último trimestre de 2011, no qual foi gradualmente constituída uma posição de 20 a 25% de obrigações do tesouro português.
Qual é a rotação da carteira? Qual é a duração média da carteira?
A rotação é elevada, mas não temos valores estatísticos disponíveis para efeitos de informação externa; a duração é gerida dinamicamente numa base diária, utilizando futuros de taxa de juro, tendo ao longo destes anos estado, em média, acima da duração da referência que utilizamos (EUGATR Index).
Qual é o património do fundo?
A carteira tem tido um património médio à volta dos 20 milhões de euros, todavia com oscilações importantes.
Quais são as vossas expectativas de rendibilidade para os próximos doze meses?
Não fazemos exercícios de projecção de rentabilidade, dada a característica de activos de longa duração a que estamos expostos, do alto grau de rotação da carteira e do ambiente de incerteza económica e política em que vivemos; seria sempre, porém, um exercício irrelevante, dado que esta carteira é especialmente dirigida a investidores que necessitem de optimizar rentabilidades através da diversificação, não sendo o retorno absoluto a medida relevante para este efeito
Quais podem ser as vantagens deste fundo em relação aos da concorrência e simultaneamente os pontos considerados mais fortes para ter ganho o prémio tanto a 5 como a 10 anos do Lipper Funds Awards 2012 na categoria Bond Euro?
O ES Eurobond não tem, à partida, qualquer vantagem face à concorrência, desfrutando em igualdade de circunstâncias de um mercado aberto, bastante líquido e transparente, tendo apenas beneficiado de uma estratégia consistente ao longo dum período razoavelmente alargado de tempo, facto que não é, de todo, uma garantia de futuras rentabilidades; prémios a 10 anos implicam mais consistência do que a prazos mais curtos, o que por si só significa que a consistência estratégica, num prazo concreto que atravessa uma das melhores fases da história dos mercados de capitais, assim como talvez a pior, tem sido benéfica para os nossos clientes.
Qual foi a influência para o fundo das baixas de rating progressivas na Europa?
O fundo beneficiou da deterioração da situação da situação económica europeia, por omissão aos nomes mais vulneráveis e sobre-exposição aos riscos mais sólidos; as classificações das agências não lideraram as tendências do mercado e, grosso modo, foram ao encontro das expectativas dos investidores, sendo que acabaram apenas por ser relevantes do ponto de vista técnico, em determinadas situações, dado o quadro de restrições de investimento em muitas legislações, mesmo ao nível dos bancos centrais
Quais são os maiores riscos para um gestor de obrigações nos dias de hoje e na Europa?
Se pudéssemos eleger um risco difícil de gerir, dada a sua complexidade e imprevisibilidade de direcção e ritmo, seria o risco da acção política em temas de mercados financeiros, que, ao longo dos últimos anos tem ganho uma frequência que distorce o mercado, independentemente da sua bondade ou utilidade prática.