Um relatório publicado pela Autoridade Europeia de Valores e Mercados oferece pela primeira vez uma visão global do mercado comum de fundos alternativos a partir dos dados recolhidos no final de 2016.
A indústria europeia de fundos de investimento alternativos (AIF) está muito concentrada em poucos participantes e classes de ativos, segundo revela um recente relatório da Autoridade Europeia de Valores e Mercados (ESMA). Na última edição do seu relatório sobre tendências, riscos e vulnerabilidades (Trends, Risks, Vulnerabilities (TRV) Report No.1, 2018) a ESMA também constata que a grande maioria dos fundos alternativos europeus se distribuem em diversos países graças ao passaporte pan-europeu. O relatório TRV da ESMA analisa regularmente as tendências, os riscos e as vulnerabilidades transacionais e transectoriais que se verifiquem tanto a nível institucional como de retalho, o que contribui para promover a estabilidade financeira e para melhorar a proteção dos consumidores.
Como grande novidade, o relatório oferece pela primeira vez uma visão global do mercado comum de fundos alternativos a partir dos dados recolhidos no final de 2016, de acordo com a diretiva de gestores de fundos de investimento alternativos (AIFMD). Os fundos de investimento alternativos incluem produtos como hedge funds, fundos imobiliários, fundos de fundos e fundos de capital de risco.
Segundo dados fornecidos pela AIFMD, 2% dos fundos alternativos europeus superam os 1.000 milhões de euros em ativos e concentram aproximadamente 46% do valor total do sector. Pelo contrário, quase 95% dos fundos alternativos europeus gerem um património inferior aos 500 milhões de euros (aproximadamente 40% do valor total). Dois terços do total dos ativos geridos por gestores de fundos de investimento alternativos comunitários correspondem a fundos de obrigações, fundos de ações, fundos de infraestruturas e fundos de matérias primas.
Os fundos alternativos de obrigações concentram a maior percentagem do valor sob gestão. Os dados também mostram que as operações de recompra (repos) representam a principal fonte de empréstimo dos fundos alternativos, enquanto que os empréstimo sem garantia são uma parte muito pequena. Para além disso, os hedge funds europeus recorrem principalmente ao financiamento de curto prazo, já que a maioria dos seus empréstimos geralmente não superam um dia.
Os rigorosos requisitos de informação impostos pela AIFMD (o seu objetivo é oferecer um mercado interno e um marco regulador e de supervisão harmonizados para as atividades dos gestores de fundos de investimento alternativos que operem na União Europeia) aos fundos de investimento alternativos e suas gestoras (AIFM) permitem que os reguladores nacionais possam supervisionar se as entidades estão a gerir adequadamente os riscos microprudenciais, assim como avaliar as possíveis consequências sistémicas das atividades, individuais ou coletivas, dos gestores de fundos de investimento alternativos. Com esta primeira análise da estrutura e os principais riscos do mercado europeu de fundos alternativos, a ESMA contribuiu para o desenvolvimento de um marco de referência operativo que permite monitorizar os riscos associados à indústria europeia de fundos alternartivos.