Na manhã de ontem realizou-se o segundo leilão de emissão de dívida do ano de 2017, com maturidade a três e a nove anos. Apesar dos juros mais altos, o Estado Português consegue atingir o intervalo pretendido.
A manhã de quarta-feira ficou marcada por mais um leilão de dívida, o segundo de 2017, desta feita com maturidade a três e a nove anos. Destaque para a emissão de dívida com vencimento em 2020, uma maturidade pouco habitual no que diz respeito a leilões de obrigações do tesouro (OT) do Estado Português.
No prazo mais curto, a procura superou a oferta em 2,71 vezes, tendo sido angariados 500 milhões de euros a uma taxa de juro de 1,216%. Por sua vez, no prazo mais longo, com vencimento em 2026, foram angariados 612 milhões de euros a uma taxa de juro de 3,95%, bastante superior à registada na emissão anterior, com o mesmo prazo, que se fixou nos 2,859%. Neste caso, a procura foi superior à oferta em 1,79 vezes, quase o dobro.
Filipe Silva, Diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa, acredita que “os dois leilões decorreram com normalidade e sem surpresas, com os resultados em conformidade com o que o mercado secundário está a fazer”. O gestor refere que “não havia qualquer motivo para que o montante pretendido não fosse arrecadado”. Quanto às taxas de juro registadas, afirma que “o BCE continua a ser o principal garante deste ambiente de taxas baixas, embora Portugal esteja a pagar taxas acima das dos outros países”, concluiu.
Já para Marisa Cabrita, Gestora de Ativos da Orey Financial, “os resultados do leilão de hoje refletem uma procura robusta, numa altura em que se observa alguma diminuição do risco antes dos eventos que se aproximam, como as eleições francesas em abril e a revisão de rating da DBRS, continuando a oferecer níveis de rentabilidade atrativos aos investidores”. A gestora acrescenta, ainda, que, no prazo mais longo, “as yields subiram face ao último leilão desta obrigação em agosto de 2016”. Por sua vez, no prazo mais curto, Marisa Cabrita refere que “comparativamente aos últimos leilões desta obrigação, a yield exigida foi inferior, no entanto, o montante colocado foi substancialmente inferior”.
No entanto, para Filipe Silva “não faz sentido comparar estas taxas com as de leilões anteriores porque para estes prazos, os leilões já decorreram há muitos meses, em que a situação do mercado era diferente da que temos hoje”.
O montante total arrecadado fixou-se nos 1.112 milhões de euros, o que acaba por ser satisfatório, uma vez que o montante pretendido pelo Estado Português para este leilão situava-se entre os 1.000 milhões e os 1.250 milhões de euros.