Christopher Chen, product specialist da Mirae Asset, esteve em Portugal e fez algumas considerações sobre o que se passa no continente asiático.
Nas previsões mais recentes publicadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em janeiro, o crescimento previsto para a China em 2017 é de 6,5%, o valor mais baixo desde 2010. No mesmo relatório, o FMI mostrava que a previsão para a Índia era de 7,9%, valor em linha com os dois último anos.
“Há cerca de um ano, o mundo era um pouco estranho, já que era difícil encontrar crescimento”, referiu Christopher Chen na sua última passagem por Portugal. O product specialist da Mirae Asset, refere, também, que talvez a China fosse a única exceção, sobretudo porque “voltava ao modelo antigo – investimento e crédito – para suportar o seu crescimento”.
Volvidos vários meses, o profissional da entidade asiática está mais entusiasmado, com o “crescimento visível em vários mercados, como é o caso dos Estados Unidos”. Com essa perspetiva, Christopher Chen destaca o facto desse ambiente mais positivo ter “ajudado os mercados de ações a demonstrarem um bom comportamento”, com destaque para o mercado chinês. “A China gerou algum crescimento, e quando há um aumento da procura, nomeadamente por parte dos EUA, então as exportações são um bom factor para o país asiático consolidar o seu crescimento”, refere. “Estamos num período saudável de crescimento para a China”, destaca. Além disso, o profissional da Mirae Asset refere que “o grande impacto que Donald Trump tem nos mercados asiáticos concretiza-se através das suas medidas protecionistas”. Ainda assim, sublinha que “esse protecionismo iniciou-se antes de Trump entrar na Casa Branca e vai continuar, mesmo após a sua saída”.
PPI positivo é bom sinal
Um dos indicadores a que o profissional da Mirae Asset deu relevo foi o PPI - Producer Price Index. A evolução do PPI foi negativa ao longo dos últimos anos na China, “até à segunda metade do ano passado”. Christopher Chen relata, ainda, que esta melhoria tem um grande impacto, porque “quando é positivo, significa que a probabilidade das empresas pagarem o seu serviço de dívida está a melhorar”. O gráfico seguinte, publicado em outubro pelo FMI, mostra a evolução do índice de Preços ao Consumidor e ainda ao Produtor na China, ao longo dos últimos anos.
Fonte: FMI no relatório de outubro de 2016 com o Outlook Mundial
Índia “a dar a volta”
A recuperação na Índia está a ser feita em grande escala. De acordo com o profissional da entidade asiática, os factores macroeconómicos estão a melhorar a partir de uma descida da inflação, do défice e ainda de uma maior disciplina em termos fiscais.
Também os factores meteorológicos fizeram com que o período das monções, que tem grande impacto na Índia mais rural, tivessem impacto positivo nessa zona, após um período de dois anos em que a seca dominou o sector primário. Além disso, também os gastos em infraestruturas tiveram impacto positivo.
Recuperação a nível global
Christopher Chen, na sua apresentação, destaca também que a recuperação do crescimento, a nível global, está a ser suportado pelas ações. Para este movimento se concretizar, o profissional da Mirae Asset destaca o crescimento do crédito na China e ainda a recuperação dos preços das matérias-primas.
Relativamente ao mercado norte-americano, o ‘cocktail explosivo’ trazido pela eleição de Donald Trump, pode afinal conduzir a uma velocidade de cruzeiro na economia, através das políticas a favor do crescimento, como é o caso dos investimentos em infraestruturas. Acresce ainda o facto da despesa neste sector estar em valores mínimos dos últimos trinta anos.
Também as ações globais beneficiam dos fluxos que saíram do mercado de obrigações, que podem ajudar os títulos acionistas durante os próximos 18 meses.