Embora não seja uma receita mágica, o retorno absoluto está a ser visto pelos investidores como uma solução para saírem airosos do atual contexto de mercado. Mas como se estão a comportar estes fundos num contexto adverso?
A correção registada pelo mercado de obrigações desde o final do mês de abril fez com que o interesse dos investidores pelas estratégias de retorno absoluto seja hoje maior do que nunca. “Os clientes institucionais mostram-se muito receptivos a soluções que forneçam uma certa descorrelação às suas carteiras, algo natural tendo em conta o atual contexto nas obrigações. O retorno absoluto não é uma solução mágica, mas sim uma solução interessante em termos de rentabilidade ajustada ao risco”, dizia Sasha Evers, diretor geral da BNY Mello IM para Ibéria. No entanto, o especialista explica que na altura de selecionar as estratégias convém ser muito cuidadoso visto que existe uma maior dispersão em termos de rentabilidades. “São estratégias cujo resultado depende mais da habilidade do gestor. A gestão do risco é especialmente importante quando o teu benchmark é a liquidez e não podes “segurar-te” ao índice, afirma.
Analisando o comportamento registado desde o início da correção por algumas das estratégias de obrigações globais flexíveis que têm a etiqueta de retorno absoluto e que centram o seu universo no mercado de obrigações com grau de investimento, observa-se claramente a dispersão que Evers falava, que chega a ser de 200 pontos base entre o fundo mais e menos rentável durante o mês e meio de correção. Tomando como referência os dados da Morningstar Direct, selecionámos sete estratégias de obrigações flexíveis com enfoque de retorno absoluto, e que centram o seu universo no mercado de dívida com grau de investimento, produtos catalogados todos eles dentro da categoria long/short debt da Morningstar. O gráfico mostra qual foi a evolução registada por cada uma das estratégias desde o passado dia 27 de abril, data na qual a rentabilidade das obrigações alemãs a 10 anos começou a aumentar desde o nível dos 0,05% (atualmente a bund está em 0,9% depois de ter estado próxima dos 1%).
De toda a amostra, o fundo que melhor comportamento registou no período foi o Pioneer Funds Absolute Return Bond. O produto acumula uma subida desde final de abril de 1,44%. Segundo explica o gestor, Tanguy Le Saout, o que mais beneficiou a estratégia foi o facto de terem optado por posições curtas em bund a 10 anos no final de abril, ao mesmo tempo que optaram por uma estratégia de valor relativo entre a curva alemã e a americana (com posições curtas em obrigações a 3 e 5 anos e longos em obrigações em dólares a 3 e 5 anos, o que ajudou por causa da taxa de câmbio e também pelo melhor comportamento relativo do mercado norte-americano). Outra das estratégias de valor relativo que beneficiaram o fundo foi o facto de estarem longos em obrigações japonesas a 30 anos e curtos em obrigações alemãs a 30 anos.
O BNY Mellon Absolute Return Bond Fund foi, dos produtos analisados, o segundo que registou um melhor comportamento desde 27 de abril, com um subida de 0,67%. Foram três as estratégias que mais beneficiaram o fundo: a posição curta iniciada no início de maio nas obrigações alemãs, a estratégia de valor relativo entre Reino Unido e Estados Unidos (longos em obrigações inglesas e curtos em obrigações americanas) e outra de valor relativo “jogando” com a curva dos Estados Unidos (curtos em obrigações do Tesouro a 10 anos e longos nas obrigações com vencimento a 30 anos). A terceira estratégia mais rentável foi a Julius Baer BF Absolute Return Bond, que conseguiu um retorno de 0,49%, igualmente por causa de três estratégias: curtos nas taxas sobre as obrigações inglesas a 10 anos, curtos em obrigações alemãs ao longo de toda a curva e estratégias de valor relativo entre a curva americana e a canadiana.
Fonte: Morningstar Direct