Europa ou EUA? Hedge ou não hedge? Fomos ouvir os especialistas

Para João Zorro, head of Equities & Fixed Income na GNB Gestão de Ativos, o dólar americano apresentou uma oportunidade excelente de gerar alfa nos investimentos no mercado obrigacionista. "Quem conseguisse obter exposição à moeda americana tinha aqui uma boa oportunidade para se destacar do seu benchmark de referência", afirma João Zorro.

Tal como acontece em relação à economia americana, o gestor ainda acredita que o USD será favorável ao longo de 2022, mas ressalva que tanto a alocação geográfica como a exposição cambial são temas que devem ser monitorizados regularmente. "O que digo hoje pode não ser verdade amanhã, mas apesar da extrema volatilidade, acredito que o dólar ainda pode continuar a apreciar face à moeda europeia. O euro tem espaço para recuperar algum do terreno que perdeu, mas está pendente da resolução de vários conflitos, como a guerra geopolítica a acontecer em terreno europeu", ressalva o profissional .

O especialista da IM Gestão de Ativos, Amit Maugi, mantém o mesmo discurso. "Apesar de ainda não estar sobreexposto, considero o mercado americano mais interessante neste momento. Os recorrentes aumentos da taxa de juro trazem mais confiança aos investidores, estão mais perto que a Europa dos picos das taxas. Mas qual será o máximo? Não sabemos, pode ser 3,5% ou 4%, mas estão mais perto", coloca o gestor.

Sobre o tema da moeda, Amit Maugi explica: "Uma economia mais dinâmica (como a americana) favorece a sua moeda. Sinto que o BCE está muito preso, não atua com a agilidade necessária".

Por fim, deixa um aviso: "Apesar de tudo, não pretendo incorrer num risco demasiado elevado de duração, estimo um máximo de cinco anos".

O CIO da Sixty Degrees, Nuno Pereira, aproveitou a mais recente apreciação do dólar: "Aproveitámos o movimento do dólar para reduzir as perdas neste início de 2022 que tem sido muito complicado. Gerimos muito ativamente a exposição cambial; tanto podemos diminuir exposição ao dólar como aumentar".

Para Nuno Pereira também o dólar representa ainda uma boa oportunidade, no entanto, levanta um cenário que pode significar a mudança de paradigma. "Dificilmente vejo cenários onde o euro tem uma forte apreciação, a sua capacidade de recuperação está muito condicionada pelo BCE. A exceção seria o fim do conflito geopolítico a decorrer em continente europeu", explica.

Por fim, perspetiva ainda que "ambos os blocos vão subir taxas, a Europa apenas o concretizará mais tarde”. “Vai haver uma recessão, mas vejo mais espaço para recuperar nos Estados Unidos da América”, acrescentou.

Por fim, terminamos com a opinião de Francisco Falcão. "A América está perto da taxa de juro terminal. Em geral, os spreads de crédito alargaram mais porque, para além de descontarem uma subida agressiva do risco de default, refletem já as expectativas de subidas de taxas".

No tema cambial, o profissional vai mais longe. "Apesar de ser praticamente impossível prever neste momento, a minha aposta é: em 2022 não cobrir o risco cambial, em 2023 cobrir", atira o CEO da Hawkclaw Capital Advisors.