Exuberância irracional? Alan Greenspan afirma que se está a criar uma bolha nas obrigações

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trackrecord, Flickr, Creative Commons

O discurso que pronunciou Alan Greenspan, ex- presidente da Reserva Federal, no ano de 1996 no American Enterprise Institute for Public Policy Research (AEI) ficou para a história por causa da utilização da expressão “exuberância irracional” para se referir à criação de uma bolha especulativa nas ações, que ainda demorou cerca de quatro anos a rebentar. Quase 20 anos depois de ter pronunciado aquelas palavras – que não voltou a repetir – Greenspan tem demonstrado em distintas entrevistas quer à Bloomberg Television, quer à Fox Business, a sua preocupação em relação à evolução dos ativos das obrigações”.

“Espera-nos uma bolha nas obrigações. Se simplesmente substituirmos a estrutura das valorizações das ações e colocarmos no seu lugar o preço das obrigações, e se em vez dos  retornos esperados por ação utilizarmos os retornos esperados por juros, o rácio PER está numa posição extraordinariamente instável”, comentou Greenspan à Bloomberg (ver aqui um excerto da entrevista). Para o ex-presidente da Fed, “o que determinará definitivamente até onde vai a bolha, será rever a história e questionar-nos sobre qual a taxa de juro normal”.

Greenspan explicou esta "transcrição" do PER nas obrigações noutra entrevista concedida mais recentemente à Fox Business: “Tendemos a pensar nas bolhas das ações como rácios de PER muito substanciais. Na verdade, se considermos o mercado de obrigações e se olharmos para o preço das obrigações em relação ao juro recebido por essas obrigações, é muito idêntico ao spread habitual que nos preocuparia se fossem ações, e deveríamos estar preocupados”.

O especialista explicou que o rácio de PER ao qual se refere “está composto estatisticamente por duas forças”. Uma delas é “o prémio de risco das ações que, na realidade, agora está pouco fora de onda”, ao que acrescentou “o nível das taxas de juro isentas de risco”, que é, do seu ponto de vista, a fonte do problema. “Por qualquer motivo, tanto por causa dos movimentos da Fed, como por causa do mercado per si, o preço das obrigações cai e começa-se a ter uma pressão de descendente significativa sobre as cotações das ações. É a este nível que reside o problema real ao afectar as ações, pois não se pode desassociar do facto das taxas de juro estarem historicamente baixas, tendo inevitavelmente que subir”, referiu