O gestor destaca o forte apoio dos fluxos de investimento, os high yield históricos e os spreads que apoiam o investimento em crédito corporativo.
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Os fluxos dos investidores continuam a favorecer as obrigações. Emborainicialmente tenham ido para a dívida governamental e para o mercado monetário, os atuais níveis de rentabilidade e outros fatores que destaca Fabien Collado, gestor de Carteiras ESG da equipa de Investimento Responsável, que faz parte do grupo de Obrigações da Insight Investments, “servem de suporte para uma visão extremamente construtiva para o crédito”.
O fundo BNY Mellon Responsible Horizons Euro Corporate Bond, com Rating FundsPeople 2024, destaca-se por um processo de investimento que incorpora dados de Prime, um sistema próprio de classificações ESG da Insight, em que cada potencial investimento é avaliado conforme os critérios de sustentabilidade, com o objetivo de garantir um impacto sustentável.
Procura sólida e transferência de fluxos apoiam o ativo
Além dos fatores positivos do lado macroeconómico, como o crescimento e a inflação, Fabien Collado destaca indicadores táticos de curto prazo que dão um forte apoio ao ativo. De um lado está a procura muito forte por dívida corporativa, mas também os fluxos ou a transferência do mercado monetário para a dívida corporativa.
Isto, aliado aos atuais níveis de yields, é demasiado atrativo para ser ignorado e está a trazer de volta investidores, como seguradoras, com apetite para participar no mercado, dando um forte apoio a este ativo.
Mas, adicionalmente, o gestor assinala a transferência de dinheiro que estava parado nos mercados monetários (porque a taxa de juro era muito atrativa) para o crédito, que oferece tanto a rentabilidade como o spread de crédito. “Uma prova disto foi a forte atividade no mercado primário de dívida corporativa no primeiro trimestre, onde as emissões foram sobrescritas massivamente”, afirma.
O risco geopolítico provoca uma ligeira redução da sobreponderação
Do lado negativo encontra-se o risco geopolítico, que o gestor reflete na sua avaliação do mercado. “Juntamos todos estes elementos e atribuímos-lhes uma escala de −3 a +3. Atualmente, encontramo-nos numa classificação de 0,5, tendo-a reduzido de +1 recentemente, o que nos levou a reduzir ligeiramente a nossa sobreponderação”, aponta o gestor.
Segundo esclarece, um atraso no corte de taxas por parte dos EUA não afeta o crédito investment grade, visto que, por um lado, têm de pagar yields elevadas que são compensadas com o estreitamento dos spreads. No entanto, afeta a dívida high yield (HY) devido ao elevado custo de financiamento, embora a sua estratégia se baseie em dívida investment grade (IG), podendo investir até 10% em high yield que, atualmente, se encontra em cerca de 5%.
O crédito beneficia de um alto nível de proteção, incomparável a 2022
Há algo que o investidor tem de ter em conta e que o especialista explica claramente sobreo impacto das subidas de taxas no crédito: “Uma coisa para a qual gostamos de analisar é o ponto de equilíbrio, ou seja, o quanto têm de ampliar os spreads para começarem a perder dinheiro. Atualmente, para o IG europeu, o nível de proteção é de 80 pontos base, ou seja, é necessária uma ampliação de 0,8% das yields globais para um investidor começar a perder dinheiro, o que, nesta etapa do ciclo, é enorme”.
“Atualmente, o investidor tem um carry e spreads bastante atrativos, uma situação totalmente diferente da de há dois anos, quando o seu nível de proteção era tão pequeno que, quando as yields subiam, perdíamos dinheiro imediatamente, e havia muito, muito pouco carry”, explica.
Evitar o greenwashing através do seu próprio modelo de rating
Segundo comenta o gestor, em 2023, do total da atividade ou emissões no mercado primário, cerca de 30% eram obrigações verdes ou com critérios ESG. Uma percentagem elevada e que demonstra a popularidade que alcançaram, mas que também levantam dúvidas sobre o greenwashing.
É algo que acompanham com proximidade na Insight através de uma análise própria de cada obrigação e a consequente alocação de rating, e “aproximadamente 25% das obrigações analisadas não cumprem os nossos critérios, pelo que não as financiamos, evitando o greenwashing”, reincide o especialista.
Incorporação de novos indicadores com visão para o futuro
Fabien Collado comenta que acrescentaram recentemente mais indicadores para alinhar o fundo com os objetivos net zero, algo que procuravam efetuar há algum tempo e ao qual dedicaram muito trabalho para materializá-lo.
“Em vez de dizermos que a emissão de carbono do benchmark é X e queremos que o fundo atinja esse valor, o que fizemos foi não ter em conta o benchmark e estabelecer o objetivo de as emissões serem, em 2025, 30% das que o fundo tinha em 2020, e 50% mais baixas em 2030”. O gestor esclarece que não definiram estas percentagens aleatoriamente, mas sim de forma a que o fundo se estabeleça e cumpra uma trajetória net zero, conforme o Acordo de Paris.
A parte interessante desta abordagem é que lhes dá exposição a nomes que, atualmente, podem ter uma elevada intensidade de carbono, mas que reconhecem que estão no caminho certo para reduzi-la graças ao compromisso ou engagement com as empresas. “Esta abordagem de visão para o futuro é uma verdadeira mudança de mentalidade que nos abre a porta para setores e empresas com um compromisso claro e um rumo à descarbonização”, conclui o gestor.