Franklin Templeton Investments: uma visão sobre as obrigações americanas

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O Franklin Strategic Income Fund é um produto da gama de obrigações da Franklin Templeton Investments que se ‘auto-impôs’ um objetivo de rentabilidade de 5%. Tem um enfoque mais flexível que outros fundos da mesma gama, sem restrições, centrado na seleção de obrigações de qualidade – para a qual aproveita a larga experiência da equipa gestora – e faz uma gestão ativa da duração. O produto foi capaz de gerar retornos positivos todos os anos desde o seu lançamento, à exceção de 2008, embora desde o início de 2015, esteja a perder cerca de 3% (dados da Morningstar a 31 de agosto).

Rober Bayston, gestor do fundo, participou no Franklin Investment Day que a entidade organizou recentemente em Madrid. O especialista aproveitou para comunicar a visão da equipa sobre o crédito norte-americano e o posicionamento do fundo. “Dentro das obrigações, a grande história dos últimos anos foi o grande aumento das emissões de dívida; em 2014, registou-se um recorde ao serem emitidos 600 milhões de dólares em dívida investment grade. Isto contribuiu, até certo ponto, para a queda das taxas de juros”, afirma em primeiro lugar. A postura da Franklin Templeton sobre esta tendência é que “a oferta continuará a ser elevada tanto em 2015 como, pelo menos, até inícios de 2016, pelo que o nosso conselho é que não se preste tanta atenção ao ciclo de subidas das taxas de juro como ao ciclo de crédito”. Bayston acrescenta que “quando se chega ao ponto da dívida crescer mais rapidamente que os lucros, é quando se produz um ponto de inflexão no ciclo de crédito mas que ainda não é esse o caso, já que continua a existir potencial para captar rentabilidade”.

O especialista admite, porém, que se verificou um aumento do crédito mal parado, sobretudo devido ao sucedido no segmento high yield do sector energético, “que em muitos casos está a negoceiar em níveis próximos de distressed”. Na opinião de Bayston, a evolução dos últimos meses neste segmento “ensina-nos que se deve ser muito cauteloso na hora de identificar as oportunidades de longo prazo, prestando a devida atenção à liquidez das empresas”. “Agora, o spread da dívida high yield encontra-se em níveis similares aos de há três anos, pelo que ainda estamos positivos para esta classe de ativos”, refere.

Também gostamos de empréstimos sindicados”, continua o gestor. Na verdade, esta classe de ativos constitui quase 21% da carteira do Franklin Shtrategic Income Fund: “como se situam acima das obrigações na estrutura de capital dos bancos, pensamos que ajudam a construir uma posição defensiva, na qual o maior risco prende-se com a possível amortização da dívida por parte dos titulares desses empréstimos antes de tempo”, diz. “Apesar disso, os fluxos de caixa nos MBS estão mais claros, dado o relativo abrandamento da atividade de refinanciamento”.

No que diz respeito aos riscos que se colocam diante das obrigações norte-americanas nos próximos meses, o representante da Franklin Templeton menciona um em particular: China. “Existe uma grande preocupação em torno da China, porque com 400.000 milhões em treasuries, a China é o maior credor dos EUA. Registaram-se vendas de obrigações do tesouro nos últimos dois meses, muito embora não tenhamos assistido a uma alteração substancial do mercado”. Perante esta evidência, Bayston conclui que “o receio relativamente à China é tremendamente inapropriado”.

Sobre a decisão da Reserva Federal de manter as taxas de juro próximas de zero, o especialista deixa a visão de que a economia norte-americana está a dar sinais de força, especialmente no ritmo de criação de empregos, pelo que afirma: “surpreendeu-nos que a Reserva Federal tenha decidido manter as taxas de juro e que a partir de agora tenha em conta as condições globais para a tomada de uma decisão, sobretudo porque não revelou quais os parâmetros a adoptar a este respeito”. Da Franklin Templeton consideram que a Fed poderá ainda subir as taxas de juro este ano e que estaremos perante um ciclo de subidas muito gradual.

Bayston termina a sua atualização com uma série de breves conclusões. A primeira é que o fundo está defensivo em duração, perante a expectativa que a curva das taxas de juro se torne mais plana. “Não prevemos que se produza uma ajuste brusco das taxas de juro”, comenta. Dentro das obrigações, o gestor acredita que “na parte do crédito ainda se encontram boas oportunidades”. “Preocupa-nos a menor liquidez, mas observamos que a oferta de emissões obrigacionistas aumentou, pelo que pensamos que a melhor proteção face ao risco liquidez é a diversificação. Além disso, não nos devemos esquecer que o segmento de maior qualidade de crédito é aquele que costuma apresentar menor liquidez e que se move habitualmente na direção contrário ao resto do mercado”, finaliza.