Fund Manager Survey: estagflação é cenário de consenso para os próximos 12 meses

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Créditos: Towfiqu Barbhuiya (Unsplash)

O tom do mais recente Fund Manager Survey do BofA não mudou muito face aos anteriores. Os investidores profissionais continuam com pouca esperança no futuro, e da entidade apelidam mesmo o sentimento de “muito bearish”. Os alarmes de uma recessão global continuam disparados, e já é uma opinião que não foge ao consenso: 77% dos inquiridos aponta para “uma provável recessão no curso dos próximos 12 meses”, com níveis máximos que não se viam desde o pico do COVID, em abril de 2020. Nesse sentido, e como veremos mais adiante, os investidores mantêm a cautela, não há volta a dar. O refúgio liquidez continua a ser o preferido tendo em conta  o vislumbre de muito nevoeiro pelo caminho.

Mas mais impactante ainda é o consenso de que o provável cenário para os próximos 12 meses é o de estagflação. É uma esmagadora maioria dos profissionais a acreditar nesse cenário, mais concretamente 92% dos profissionais, como se pode ver na figura abaixo. 

Máximo de yields perto de ser atingido

Depois de uma empreitada de subida de taxas nos EUA, o Fund Manager Survey mostra que os profissionais já têm um vislumbre de que o máximo das yields pode estar a ser atingido, uma opinião emitida pela primeira vez desde que o questionário se realiza. “Um recorde de 42% dos profissionais esperam que as yields das obrigações caiam durante os próximos 12 meses, face aos 40% que esperam que as yields cresçam”, pode ler-se.

Tal como acontecia no anterior Fund Manager Survey, continuam a ver-se progressos para que se atinjam os designados níveis de capitulação em relação às expetativas para as taxas a curto prazo. Em novembro, referem, um em cada três investidores previa taxas a curto prazo mais baixas, em comparação com dois em três inquiridos em momentos extremos anteriores.  

Liquidez mantém-se, mas baixa ligeiramente

O sentimento bearish que invade o mercado continua a manter os investidores defendidos pela liquidez. Os níveis de cash continuam elevados, em 6,2%, mas  “ligeiramente mais baixos face ao último mês (6,3%)”. Contudo, referem, ainda acima da média de longo prazo de 4,9%.