É ambicioso o compromisso relativamente ao investimento ESG. Depois de em 2019 se terem desvinculado dos combustíveis fósseis, a fundação enumera agora as iniciativas ao nível do investimento.
A Fundação Calouste Gulbenkian deu um passo em frente no que se refere ao investimento ESG. No relatório e contas da Fundação referente a 2020, dedicam mesmo um capítulo exclusivo ao tema, intitulado de ESG na carteira de investimentos. E o compromisso nele expresso é robusto e ambicioso.
“Na fase atual, a fundação entende que a concretização do investimento responsável passa, em primeiro lugar, pela integração de critérios ESG nas decisões de investimento, prática que considera compatível com o seu dever fiduciário e a sua missão filantrópica”, pode ler-se.
O primeiro passo de alinhamento, recordam, foi dado logo em 2019, quando alienaram dos interesses da Fundação os combustíveis fósseis. Uma decisão que no entender da entidade representa, “por si só, 80% do caminho a percorrer”. A continuidade no tema, indicam, acontecerá com uma estratégia de investimento que consiste em duas vertentes.
ESG: escrutinar gestores e votar
Por um lado, escrevem, pretendem “privilegiar investimentos responsáveis, com exposição a empresas que têm práticas consistentes com os objetivos de uma sociedade mais sustentável, mais inclusiva e mais justa”. Por outro lado, falam mesmo em escrutinar os próprios gestores de investimento. Isto “à luz dos critérios ESG, não só em relação ao seu posicionamento atual, como à evolução futura da aplicação dos seus fundos”. Nesse sentido, deixam bem claro que “a Fundação não investirá em carteiras que sejam, pela sua exposição, contrárias à sua missão, nem em fundos de gestores que não evidenciem a intenção de melhoria contínua, avaliada à luz dos critérios ESG”.
O dinamismo da fundação vai mais longe. Atestam que pretendem aumentar, num futuro próximo, “a participação em Assembleias Gerais, contribuindo, através do voto, para a adoção de soluções mais consistentes com a sua estratégia”. Indicam que ao intervir nas Assembleias Gerais das empresas em que detêm participações vão “votar a favor de estratégias que respondam aos desafios do ambiente, às necessidades da inclusão social, e ao bom governo das sociedades (composição dos órgãos de governo, códigos de conduta, políticas de remuneração, financiamento, políticas para lidar com denúncias e liberdade de opinião).
Exemplo para outros institucionais
O compromisso da instituição com o tema é de longo prazo, e no documento avançam “o compromisso de reportar anualmente a evolução da sua carteira de investimentos, com base em métricas representativas dos critérios ESG que pretende adotar”. Pretendem mesmo ser um exemplo: “Ciente da sua especial responsabilidade enquanto fundação de referência, espera contribuir com esta prática para a adoção de um comportamento responsável, por parte dos investidores institucionais”, pode ler-se.
Recorde ou saiba mais sobre stewardship, um conceito relacionado com as práticas aqui descritas ao nível do ESG.