O retorno absoluto vai para além de uma tipologia concreta de investimento. A BNY Mellon IM, a Standard Life Investments e Columbia Threadneedle falam das caraterísticas deste tipo de estratégia.
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Neste contexto de volatilidade nos mercado, em que a relação risco/retorno é cada vez menos atrativa nos fundos ditos tradicionais, pode-se dizer que fundos com estratégia de retorno absoluto assentam no mercado como uma luva... ou pelo menos é essa a percepção que várias casas de investimento partilham. Mas até que ponto o conceito de absolute return é consensual entre as várias entidades? Será definido e implementado sempre da mesma forma? A BNY Mellon Investment Management, a Standard Life Investments e a Columbia Threadneedle apresentam algumas ideias sobre o assunto, embora sejam de algum modo convergentes.
Segundo a BNY Mellon IM, por exemplo, o conceito de retorno absoluto pouco tem a ver com uma classe de ativos, mas mais com “uma abordagem de investimento”. Sonja Uys, fund manager do BNY Mellon Absolute Insight Fund, entende que “um fundo típico de retorno absoluto tem como objetivo entregar retornos positivos durante um determinado período”, com enfâse no “foco em não se perder dinheiro no período em causa”. No entanto, a característica essencial passa por “uma baixa volatilidade em conjunto com uma baixa correlação com as outras classes de ativos”.
William Martinez, multi-asset investment specialist, da Standard Life Investments, acrescenta que estes fundos devem ter a habilidade de “gerar um determinado nível de retorno alvo, ... no máximo de cenários económicos possível, independentemente do contexto económico”. A esta definição, Sonja Uys acrescenta que estes tendem a “provar que valem a pena em alturas de confusão dos mercados”.
Para estas duas entidades os grandes drivers destes produtos dependem da estratégia em causa. Contudo, em termos gerais, são comuns na sua “composição”, caraterísticas como o investimento em múltiplas classes de ativos, o enfoque num horizonte temporal a longo prazo e métodos de construção dos portfólios que têm por base o risco, segundo a Standard Life Investments. A BNY Mellon, por seu turno, toma como exemplo o BNY Mellon Absolute Insight Fund, para falar de um produto que “tem uma abordagem multi-estratégia, investindo em seis estratégias de retorno absoluto distintas que, por sua vez, utilizam diferentes abordagens para alcançar retorno absoluto”. Algumas dessas mesmas estratégias, diz Sonja Uys, estão mais focadas em abordagens long/short dos mercados de obrigações, enquanto outras se focam mais em extrair retornos dos mercados de ações, em particular através de estratégias market neutral em vez da exposição direcional ao mercado de ações”. O mais importante, dizem igualmente da BNY Mellon IM, é tirar partido dos skills da equipa de gestão: “gerar retornos que são mais dependentes das capacidades do gestor (alpha) e menos dependentes da direção do mercado (beta)”.
Tendo quase como ‘mantra’ esta definição, da Columbia Threadneedle acreditam precisamente que retornos mais baixos nos mercados “vão aumentar a importância do alfa nos portfólios”. Amit Kumar, portfolio manager de US Equities na entidade, tem portanto a crença de que os fundos long-short podem gerar um alpha interessante, pois algumas ações individuais, apresentam atualmente retornos divergentes. Na mesma medida, poderão apresentar-se como “estratégias favoráveis na proteção de capital e do lucro, à medida que a volatilidade do mercado cresce”. Da Standard Life dizem mesmo que os fundos long short podem servir para “tirar partido dessa mesma volatilidade”. Da BNY Mellon, por seu turno, alertam que apesar deste tipo de produtos “terem como objetivo gerar retornos positivos em qualquer tipo de contexto”, o investidor nunca deve descurar o timing de mercado, bem como a forma como o gestor se propõe a obter esse mesmo retorno.
Que ativos consideram?
A Standard Life, neste tipo de estratégias, tira partido da atratividade de ativos convencionais – long ou short -, mas também de alternativos, como é o caso de estratégias de valor relativo em equity, taxa de juro moeda ou volatilidade. Da BNY Mellon, por seu lado, falam em várias formas que permitem chegar ao retorno absoluto, que vão desde as estratégias direcionais e de cobertura (obrigações corporativas, obrigações governamentais, obrigações de mercados emergentes, ações e moedas) até ao uso de derivados, para construir posições curtas e para efeitos de hedging.
No caso da Columbia Threadneedle, o fundo Threadneedle American Absolute Alpha Fund – sendo um fundo puro de alpha – é agnóstico em termos de sectores, e “tem um processo de geração de ideias muito disciplinado”. Na parte longa, olham para “caraterísticas fortes ao nível do cash flows, modelos de negócio defensivos, e empresas com vantagens únicas no seu modelo de negócio” enquanto que nos investimentos ‘short’ procuram declínios estruturais de alguns negócios.
E o futuro?
Com um visível interesse do mercado, William Martinez enfatiza a necessidade de apostar em estratégias multi-ativos. Sonja Uys destaca que “estratégias que procuram atingir retornos muito elevados vão ser mais arriscadas e podem ser mais correlacionadas, fazendo com que sejam sensíveis à volatilidade de mercado”, e acrescenta que “estratégias com um target mais humilde poderão ser mais eficientes na diluição da volatilidade do portfólio e na manutenção de uma baixa correlação com o mercado”.
Finalizando, William destaca os temas comuns na atualidade a muitas das estratégias de fundos AR da Standard Life: “crescimento global a diferentes velocidades, dessincronização dos ciclos económicos, divergências na política monetária e o rebalanceamenteo do crescimento económico global”.