Fundos perfilados moderados: à procura de oportunidades em tempos de volatilidade

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Num ano que tem sido difícil para os gestores de todo o mundo, analisamos agora a evolução dos ativos nos fundos perfilados moderados nacionais, desde o início do ano de 2020. Com base em dados da Morningstar, de maio de 2022, analisamos uma vez mais a evolução média da alocação dos 15 fundos que compõem este universo em 20221. Deste universo, destaca-se a inclusão do novo fundo artigo 9 da BPI Gestão de Ativos, o BPI Impacto Clima Moderado.

Alocação por classe de ativo

Desde o início do ano, pode ver-se que a classe mais representada continua a ser o mercado de dívida. No entanto, a redução da exposição a esta classe que temos verificado recentemente pode estar a ponto de mudar. Os gestores deverão preparar-se para aproveitar as oportunidades criadas nesta classe, com o aumento das taxas de juro, alargamento de spreads e aumento do risco de crédito. Podemos perceber também um aumento, nos últimos meses, da liquidez.

Fonte: FundsPeople e Morningstar. Dados com referência a 31 de maio de 2022.

A fuga das obrigações soberanas

Visando agora a classe mais representada, podemos perceber que as carteiras em análise fugiram da dívida soberana e tentaram aproveitar o aumento dos spreads na dívida corporativa. A sub-categoria soberana iniciou 2020 com uma representação de 26,69% (na média das carteiras analisadas) e está, em maio de 2022, com 19,46%, uma diferença de 7,23 pontos percentuais.

Fonte: FundsPeople e Morningstar. Dados com referência a 31 de maio de 2022.

Na informação partilhada na factsheet de maio, o gestor do BPI Reforma Investimento deixa a seguinte nota: "Desde o início do ano a atuação na carteira tem sido pautada pela preferência por emitentes e emissões de boa qualidade, tanto na dívida pública como na dívida corporate, e evitar a exposição a maturidades longas".

À procura de oportunidades nos Estados Unidos da América

Num ano em que o principal índice americano (S&P 500) registou o pior semestre dos últimos 50 anos, com uma queda superior a 20%, podemos visualizar uma procura de oportunidades neste mercado. Desde o início de 2022, os gestores em questão procuram apanhar algumas das quedas acentuadas nos principais títulos americanos e, consequentemente, aumentaram a sua exposição a esta geografia em 36 pontos base.

Importa ainda analisar a exposição a empresas oriundas de mercados emergentes. Esta sub-categoria tem sido tema de conversa nos últimos dois anos, no entanto viu o seu máximo de representatividade na carteira dos investidores em janeiro de 2021, com 11,87%. A atual exposição, em maio de 2022, cifra-se nos 7,37%, um valor 4,50 pontos percentuais.

Fonte: FundsPeople e Morningstar. Dados com referência a 31 de maio de 2022.

Para Fernando Nascimento, gestor do IMGA Alocação Moderada, as perspetivas são boas a médio prazo: "Os investidores têm sido cautelosos, com as taxas de juro a incorporarem já as próximas subidas de taxas diretoras, e os spreads de crédito e os mercados acionistas um cenário macro mais negativo do que o expectável. As perspetivas são por isso positivas a médio prazo, mas o atual contexto geopolítico deverá levar a que a volatilidade permaneça elevada", explica o gestor na comunicação aos investidores de maio de 2022.


1 De recordar que, em 2022, incluídos nesta análise estão os seguintes fundos perfilados: Bankinter 50 PPR/OICVM, BPI Reforma Investimento PPR/OICVM, Caixa Moderado PPR/OICVMCaixa Wealth ModeradoCaixa Seleção Global Moderado, NB Equilibrado, IMGA Alocação Moderada, Montepio Multi Gestão Equilibrado, Optimize Capital Reforma PPR/OICVM Equilibrado, Optimize Selecção Base, Santander Popular Global 50, Santander Private ModeradoSantander Select Moderado, Smart Invest PPR/OICVM Moderado e BPI Impacto Clima Moderado.