O ano de 2012 deverá ser positivo para os mercados accionistas, embora continuem condicionados pelas perpectivas de fraca evolução das economias e pela crise da dívida soberana na Zona Euro, consideram as gestoras de activos, que apontam também para um desempenho positivo da bolsa portuguesa.
"Consideramos que os mercados de acções deverão encerrar o ano com um comportamento favorável", afirma Pedro Mello e Castro, administrador da Banif IB e Gestão de Activos, à Funds People Portugal. No curto prazo, acrecenta, "transaccionarão condicionados pela qualidade da época de resultados, mas passado esse período sempre volátil, os mercados deverão beneficiar das condições monetárias expansionistas em vigor".
Também Susana Vicente, 'head of investment departament' da ESAF, considera que, "em função da actuação dos bancos centrais e, dada a margem com que já estamos este ano em termos de 'YTD' dos mercados desenvolvidos", não parece "que este se torne num ano de retornos negativos".
Apesar do comportamento positivo dos principais índices de acções mundiais, nos últimos três meses, "as economias europeia e norte-americana não têm dado sinais claros aos investidores" e, "não por acaso, temos visto os investidores saírem dos fundos de acções", mesmo considerando que têm tido bons retornos, refere a Millennium Gestão de Activos. Perspectivando o final do ano, a gestora do grupo BCP considera que os mercados accionistas "deverão registar um desempenho positivo, beneficiando da manutenção do crescimento económico global baixo mas positivo, de balanços equilibrados das empresas e de níveis atractivos de valorização e de taxas de juro baixas".
Sublinhando que os mercados accionistas, particularmente na Europa, reflectirão muitos aspectos ligados aos problemas com que se defronta a Zona Euro, José António Gonçalves, director da Montepio Gestão de Activos, considera que o índice europeu poderá registar no final do ano "um desempenho positivo, se bem que modesto, e não muito longe dos níveis actuais". E tem uma perspectiva mais favorável para os Estados Unidos, onde a economia "parece estar a ultrapassar melhor os desafios que se colocam neste momento", além de exisitir a percepção que os anos eleitorais no país "se traduzem num desempenho positivo dos mercados accionistas".
Portugal mais pressionado
Quanto a Portugal, José António Gonçalves considera que a situação "é muito diferente, por um lado pela maior sensbilidade ao 'news flow', e, mais importante, pelo impacto das medidas restritivas já anunciadas pelo governo, nos fundamentais das empresas". Neste contexto, salienta, "é relativamente difícil acreditar num desempenho muito favorável do mercado accionista nacional no futuro próximo".
Virgílio Garcia, da BPI Gestão de Activos, destaca o impacto positivo no mercado português do programa de compra de dívida soberana por parte do BCE, mas sublinha que a economia "não deixará de se ressentir do esforço de consolidação orçamental ao nível do consumo e do investimento".
A maioria das empresas do PSI 20, salienta, tem uma forte exposição a mercados internacionais, onde se destacam nomeadamente Brasil e Angola,e este factor "continuará a ser relevante em termos de 'performance' mitigando os efeitos de uma contração doméstica". Além disso, "a possibilidade de movimentos de consolidação poderá também marcar a negociação", refere.
Além dos impactos domésticos, a Millennium Gestão de Activos destaca também os efeitos resultantes da situação externa. "O abrandamento do crescimento económico mundial, em particular na Europa, representa um risco acrescido para a economia portuguesa, pois poderá limitar a evolução das exportações". Portugal, acrescenta, "deverá enfrentar uma recessão económica, tendo que implementar uma política orçamental muito restritiva e um conjunto de medidas muito exigentes", questões a que se juntam "temas de cariz político social, que deverão continuar a condicionar fortemente o comportamento das acções portuguesas", sublinha a Millennium Gestão de Activos.