No dia 25 de setembro, cumpriram-se oito anos desde que os líderes mundiais adotaram um conjunto de objetivos globais para erradicar a pobreza, proteger o planeta e assegurar a prosperidade para todos, como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável. A conhecida como Agenda 2030. Identificaram-se os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e 169 metas que constituíram o núcleo da agenda e que devem alcançar-se antes de 2030. Em setembro passado cumpriu-se o sexto aniversário da aprovação dos 17 ODS. Que implicações têm na indústria de gestão de ativos? Conhece todos os objetivos? Neste capítulo analisamos o ponto de partida, onde estamos e o roteiro que se segue. Faltam nove anos para a sua consecução. Ainda vamos a tempo?
Acabar com a pobreza extrema, lutar contra a desigualdade e a injustiça, solucionar o problema das mudanças climática... assim é até se chegar aos 17 objetivos que se definiram há seis anos. A sua realização pretende mudar o mundo e para isso é necessária a cooperação entre os governos, as organizações internacionais e os líderes mundiais. Mas...
Vamos a tempo de cumprir os ODS?
Segundo dados do SDG Report, cerca de 15% as metas dos ODS vão no bom caminho,
48% fazem-no de forma moderada e 37% mostram uma paragem ou retrocesso. Urgem, portanto, novos compromissos para se poder cumprir com a Agenda 2030 em prazo e forma.
"O último Relatório sobre os progressos realizados para conseguir os ODS de Nações Unidas não deixa margem para dúvidas: metade das 140 metas estabelecidas estão longe da trajetória desejada. Renovar o compromisso internacional e canalizar as ações e os mecanismos de financiamento e investimento necessários para reverter esta situação é crucial para caminhar para um planeta mais verde, inclusivo, seguro e justo para todos", explica Pablo Esteban, especialista em Finanças Sustentáveis na Spainsif.
É relevante para o mundo do investimento?
Sem dúvida. Um estudo da BlackRock mostra-nos a relevância dos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis para os investimentos. A análise conclui que podem contribuir para uma avaliação da materialidade financeira na hora de elaborar estratégias de investimento. Isto significa que a gestão dos resultados sociais e meio-ambientais, tanto positivos como negativos, pode ser mais importante para o êxito das empresas no futuro, à medida que os países avançam em direção da realização dos objetivos. No gráfico seguinte, pode observar-se o custo atual e estimado no PIB global da inação relativamente à consecução dos ODS.
Embora a medição do alinhamento dos investimentos com os ODS continue a ser uma tarefa complicada e em evolução, o research da BlackRock coloca ênfase numa importante sobreposição entre os ODS e os indicadores das empresas que são importantes para a rentabilidade financeira a longo prazo.
Carole Crozat, responsável de Research Fundamental da BlackRock Sustainable Investing, assinalou: "Os ODS têm potencial de aportar valor não só através dos investimentos de impacto, mas também através de estratégias mais amplas centradas em ESG. A integração dos riscos e externalidades ESG materiais nas carteiras pode proporcionar uma aceleração crítica dos ODS. Pode abrir a oportunidade de magnificar a contribuição geral dos atores privados, mais além das estratégias de investimento de impacto".
De que maneira investir nos ODS?
Embora não seja possível investir diretamente em cada um dos ODS, podem utilizar-se como barómetro para identificar as empresas que estão a fazer uma contribuição notável com os seus produtos e serviços.
Por exemplo, o ODS 17 - alianças para conseguir os objetivos - pode vincular-se com determinados temas de investimento. O ODS 7 - energia limpa e acessível -, pode vincular-se com os produtores de energia renovável ou empresas que contribuem para a inovação no campo dos carros elétricos. E como último exemplo, o ODS 12 - consumo e produção responsáveis - pode vincular-se com empresas especializadas na gestão de resíduos.
A Vontobel AM centra-se na água como fonte de vida e de retornos financeiros. De que forma? A gestora argumenta da seguinte maneira. Em 2015, 29% da população mundial carecia de fornecimentos de água potável geridos de forma segura, e 61% carecia de serviços de saneamento geridos de forma segura. Para que estas percentagens se reduzam até 2030, como sugerem os ODS, seriam necessários grandes investimentos no âmbito dos recursos hídricos. Luta contra a contaminação, construção de infraestruturas para o transporte e para o tratamento de água, em definitivo, importantes iniciativas de financiamento privado para cuidar destes recursos no planeta.
A BlackRock, por seu lado, também identifica no gráfico seguinte de que maneira se pode associar os ODS com o investimento.
Onde devemos melhorar?
A DPAM explica que o enquadramento de informação dos ODS está a sofrer o mesmo impedimento que todo o setor de investimento responsável, ou seja, métricas quantitativas fiáveis de ESG que nem sempre estão disponíveis para todas as empresas ou nem sempre são relevantes.
No entanto, os ODS oferecem uma linguagem comum entre as empresas e os investidores responsáveis. Como tal, desempenham um papel positivo para o setor de investimento responsável e contribuem para um financiamento mais sustentável.