A primeira intervenção de Janet Yellen desde a subida de taxas de juro em dezembro conseguiu acalmar os mercados, ainda que a presidente da Reserva Federal não feche a porta a novos incrementos em 2016.
Como acalmar o mercado sem fazer qualquer compromisso. Foi o que Janet Yellen, presidente da Reserva Federal (Fed), conseguiu fazer na quarta-feira quando compareceu perante o Congresso dos Estados Unidos, na sua primeira aparição pública desde a reunião do Federal Open Market Comittee (FOMC). Nessa reunião, no passado mês de dezembro, a autoridade monetária subiu as taxas de juros em 25 pontos base pela primeira vez em quase uma década.
Num exercício refinado de intervenção retórica, Janet Yellen reconheceu que a turbulência mundial e a situação na China podem representar um risco para a economia dos Estados Unidos, mas não fechou a porta a novas subidas de taxas de referência em 2016, que dependerão da evolução dos dados do mercado laboral, inflação e da situação da economia mundial. É de recordar que a Fed prevê subir taxas quatro vezes este ano, algo que o mercado descarta por completo na atual situação económica.
“A mensagem de Yellen teria que ser suficientemente acomodatícia para não assustar o mercado e suficientemente agressiva para indicar que a economia continua a crescer, e conseguiu-o”, afiram Kelly Bogdanov, analista de carteiras no RBC Wealth Management, em declarações ao website
MarketWatch.
Não obstante, como assinala Luke Bartholomew, gestor de investimentos no
Aberdeen Asset Management,
“não me pareceu um discurso de alguém que deseja subir as taxas de juro em março. Yellen voltou a reiterar que as subidas de taxas serão graduais: a questão está no que quer dizer com graduais.
Os mercados não acreditam que a Fed seguirá a sua própria previsão de subidas e a intervenção de hoje poderia interpretar-se como um pequeno passa na direção das expectativas de mercado”.
Pode consultar o discurso de Janet Yellen na integra,
aqui (em inglês).