Ser capaz de avaliar os investimentos que o gestor de um fundo realiza é importante. Isso permite conhecer melhor a estratégia do profissional, a sua filosofia, o tipo de ativos que procura, os riscos aos quais se expõe... e também comparar a sua carteira com a dos outros produtos, com o objetivo de identificar e selecionar a opção mais interessante para o investidor.
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Saber avaliar os investimentos que o gestor de um fundo realiza é importante. Isso permite conhecer melhor a estratégia do profissional, a sua filosofia, o tipo de ativos que procura, os riscos aos quais se expõe… e também comparar a sua carteira com a dos outros produtos, com o objetivo de identificar e selecionar a opção mais interessante para o investidor. Para levar a cabo esta tarefa, o melhor é analisar os rácios fundamentais que aparecem nas fichas da Morningstar. Nelas está recolhida toda esta informação. A dificuldade reside em saber interpretá-la corretamente. Por esse motivo, na Funds People pedimos a José Morales Díaz, professor de Administração e Gestão de Empresas no Instituto de Estudios Bursátiles (IEB), uma análise detalhada sobre os indicadores mais importantes que permitem valorizar os investimentos de um fundo:
1. P/E (Price-Earnings Ratio)
O rácio P/E representa a relação entre o preço da ação (P=Price) e o lucro por ação (E= Earnings Per Share). Mede quantos euros um investidor deve investir nas ações para obter um euro de lucro da empresa (não como dividendos, mas sim como lucro teórico atribuído). Geralmente um P/E elevado pode ser interpretado como um cenário em que os investidores esperam um crescimento do lucro no futuro. Quanto mais elevado o P/E for, dado o mesmo nível de lucro por ação, maior será a valorização geral da empresa.
2. P/B (Price to Book Value)
O rácio P/B divide o preço da ação pelo valor contabilístico da tal ação (com base, por sua vez, no valor contabilístico do património líquido da empresa e no número de ações). Se o rácio é maior do que 1, quer dizer que os investidores assumem que existem ganhos de capital não registados no balanço, de tal forma que valorizam a empresa acima do seu valor contabilístico. Se o rácio é menor do que 1 os investidores assumem que a empresa está sobrevalorizada contabilisticamente (irão existir provisões não contabilizadas, perdas, etc).
3. P/V (Price to Sales)
Trata-se de um rácio que compara o preço das ações da empresa (P) com o seu valor contabilístico de vendas (V). Pode ser calculado como a capitalização bolsista sobre o volume de vendas acumulado dos últimos doze meses. Interpreta-se como o valor concedido pelos investidores a cada euro de vendas da empresa. Quanto mais alto o rácio for, em geral, maiores serão as expectativas de crescimento futuras (estão mais dispostos a pagar pelo mesmo nível de vendas). Igualmente, se se compararem duas empresas, um maior rácio de uma delas pode indicar uma maior rentabilidade: tem mais lucros com o mesmo nível de vendas.
4. P/CF (Price to Cash Flow)
Trata-se de um rácio que compara o preço das ações da empresa (P) com o seu valor de cash flow operacional (CF). Pode ser calculado como a capitalização bolsista sobre o volume de cash flow acumulado dos últimos doze meses. Interpreta-se como valor concedido pelos investidores a cada euro de fluxo de caixa da empresa. Em termos gerais, quanto mais alto for o rácio, maiores serão as expectativas de crescimento futuras (estão mais dispostos a pagar pelo mesmo nível de cash flow).
5. Fator rentabilidade-dividendo (dividend yield)
Este rácio mede a rentabilidade por dividendos que o acionista obtém. Representa quantos euros se obtêm por dividendo por cada euro investido nas ações. Obtém-se dividindo os lucros anuais por ação (sob duas possibilidades: dividendos pagos no último ano ou dividendos esperados para o ano seguinte) entre o preço por ação. As empresas com uma rentabilidade elevada por dividendo são empresas com lucros estáveis e recorrentes. Também podem ser empresas que queiram atrair o acionista. Deve-se ter em conta que quanto maior é a rentabilidade por dividendo, mais a empresa se descapitaliza.
6. Crescimento futuro de lucros a longo prazo
Mede o crescimento dos lucros futuros esperados num horizonte temporal futuro determinado. Quando maior for o crescimento, geralmente mais estável será a estabilidade, solvência, rentabilidade, esperadas da empresa. Pode medir-se com o lucro total ou com o lucro da exploração. Uma vez que se tratam de estimativas, deve-se medir a fiabilidade das mesmas. Geralmente, quanto maior o prazo for, menor é a fiabilidade (embora dependa do setor). Os valores utilizados, na maioria dos casos, devem estar em conformidade com o plano estratégico da empresa.
7. Crescimento histórico dos lucros
Ao contrário do caso anterior, mede o crescimento dos lucros históricos (ou seja, reais) durante um período de tempo anterior. Quanto maior o crescimento for, maior será a estabilidade, solvência, rentabilidade. Um elevado crescimento dos lucros históricos não garante o mesmo crescimento nos lucros futuros. Dependerá das circunstâncias. Isto é, deve-se ter em conta também as expectativas futuras.
8. Crescimento histórico das vendas
Mede o crescimento das vendas históricas (ou seja, reais) durante um período de tempo anterior. Quanto maior o crescimento for, maior será a estabilidade e a solvência. Não obstante, também se tem de o relacionar com os lucros. Uma empresa pode ter um aumento significativo das vendas e ter perdas (devido ao aumento dos custos operacionais, encargos financeiros, etc.). Por outro lado, deve-se ter em conta também as expectativas futuras.
9. Crescimento dos fluxos de caixa
Mede o crescimento do fluxo de caixa (por exemplo, da exploração) durante um período de tempo anterior. A demonstração de resultados contabilísticos é preparada seguindo o princípio de exercício (e não o princípio de caixa). Por esta razão, uma análise dos fluxos de caixa pode dar informação acerca da geração de recursos de tesouraria para a empresa, acerca da liquidez, etc.
10. Crescimento valor contabilístico
Mede o crescimento do património líquido contabilístico de uma empresa (ativos menos passivos) durante um período de tempo anterior. Quanto maior for património líquido contabilístico, maior será a solvência e a estabilidade. Um aumento no valor contabilístico significa que a entidade teve, ou lucros positivos (na demonstração de resultados ou noutro resultado global), ou contribuições de capital dos acionistas.
Exemplo dos rácios que aparecem na ficha da Morningstar e comparativamente face à sua categoria: o caso do Invesco Pan European Equity Income Fund