Indústria de ETF na Europa em 2022: radiografia por fornecedores

Dinheiro captações fundos
Créditos: PiggyBank Canada (Unsplash)

Apesar do mau desempenho registado pelas ações e obrigações, 2022 foi o quinto melhor ano da história para a indústria europeia de ETF. Segundo dados da Refinitiv, as captações líquidas registadas pelos fundos cotados atingiram os 80.200 milhões. O efeito de mercado explica por que razão, no total, o volume de ativos em ETF diminuiu neste período, ao passar dos 1,33 biliões de euros a 31 de dezembro de 2021 para 1,24 biliões no final de dezembro de 2022.

Desse volume, a iShares gere 573.000 milhões de euros. Isto permite-lhes desfrutar de uma quota de mercado de 46,1%. No ano passado, a plataforma de ETF da BlackRock foi a que mais entradas líquidas registou na Europa, tanto nas suas estratégias de ações (29.000 milhões), como nas de obrigações (15.700 milhões). Só o património que gere em fundos cotados de obrigações na Europa (173.000 milhões) é mais do que todo o que gere o seu rival mais próximo. 

Os 10 maiores fornecedores de ETF na Europa por ativos sob gestão

Fonte: Refinitiv Lipper. Dados em milhões de euros.

A Amundi é o segundo fornecedor de ETF na Europa. A aquisição da Lyxor permitiu-lhes ultrapassar a DWS, que teve um ano especialmente mau na Europa (apesar de ser o terceiro fornecedor de ETF, não entrou na lista do Top 10 por captações). A empresa francesa ostenta essa posição tanto em ações (onde gere 123.000 milhões) como em obrigações (tem 34.600 milhões). No total, a Amundi mantinha no final do ano anterior 166.000 milhões em ETF. Em termos de vendas líquidas, em 2022 a gestora foi a quarta entidade que mais captações líquidas conseguiu (5.000 milhões), segundo dados da Refinitiv. 

As 10 gestoras com mais captações líquidas na Europa em 2022

Fonte: Refinitiv Lipper. Dados em milhões de euros.

Para o futuro, Detlef Glow prevê mais fusões e aquisições na indústria europeia de ETF. “A Amundi já anunciou que está a analisar novas oportunidades, uma vez que a fusão com a Lyxor foi concluída com sucesso. Outra aquisição por parte da Amundi tornaria ainda mais difícil para a Xtrackers recuperar o segundo lugar no ranking dos maiores fornecedores de ETF na Europa. Estas operações não se limitam às grandes gestoras que compram concorrentes mais pequenos. Como se viu no acordo Source/Invesco, em alguns casos, os fornecedores mais pequenos podem comprar concorrentes maiores para construir ou ampliar a sua posição na indústria europeia de ETF”, assinala o diretor de Análise da Refinitiv.

A Vanguard é, com dados de final de 2022, o quarto fornecedor de ETF na Europa. Quase todo o seu património está concentrado em estratégias de ações, principalmente naquelas que reproduzem o S&P 500. No ano passado registou entradas líquidas de 11.600 milhões, dos quais 8.600 foram captados pelos seus ETF de ações e 2.900 pelos seus produtos de obrigações. A Invesco, pelo contrário, registou entradas líquidas a nível europeu de 5.300 milhões. A maior parte deste volume (5.000 milhões) foi captada pelos seus ETF de obrigações.

A concentração dos ativos no Top 10 é cada vez maior. “Os fluxos para os 10 principais fornecedores representaram entradas líquidas estimadas de 82.300 milhões, ou 102,4% das entradas líquidas totais estimadas na indústria europeia de ETF. No que diz respeito a estes números e à tendência geral dos fluxos ao longo de 2022, é evidente que as restantes 47 gestoras sofreram em conjunto saídas líquidas de dinheiro (-7.200 milhões no total) no ano passado”, destaca Detlef Glow.