À exceção daqueles envolvidos na própria produção e comercialização de fundos de investimento, não há quem conheça melhor os fundos de investimento do que aqueles profissionais que dedicam a sua vida ao processo da sua seleção. É por isso que no final de cada ano, a FundsPeople requer a cada analista ou selecionador de fundos em Portugal uma lista com um máximo de 10 fundos de investimento ativos que se destacam pelas suas caraterísticas únicas, gestão excecional ou abordagem de investimento, mesmo que não sejam objeto de investimento ou parte de alguma shortlist do analista, ou entidade. Em 2023 participaram 38 analistas de 33 casas ou unidades de investimento nacionais. Recolheram-se 314 votos, num total de 223 fundos. Os 44 fundos mais votados acumulam mais de metade do total de votos, o que se configura com uma concentração superior à votação de 2022, ano em que eram as 54 as estratégias mais votadas que ultrapassavam essa marca.

Considerando que o output deste exercício vai alimentar um dos pilares do Rating FundsPeople 2024, juntamente com os votos de analistas de outros países europeus, é para nós importante diferenciar este pilar mais democrático - cada analista tem um voto, independentemente dos ativos sob a sua alçada -, do pilar Blockbuster, onde o volume de investimento que atrai tem a sua (elevada) importância.

Fundos mais pequenos, com estratégias mais alternativas ou de nicho têm assim uma maior possibilidade de sobressair nesta votação, como o fizeram no passado. Em 2022, a lista dos fundos mais votados era liderada - de forma destacada - por um fundo multiativos flexível, acompanhado por um par de fundos temáticos e de obrigações. 

Este ano entre o total de fundos votados o peso dos fundos de alocação e alternativos recuou, muito embora um dos fundos mais votados seja um multiativos. Os fundos de ações voltam a representar mais de metade dos fundos votados e os de obrigações também conquistam terreno, além da liderança. Esta, de facto, vai para um clássico - e grande - fundo de obrigações que agrega praticamente 60 mil milhões de euros em ativos: o PIMCO Income Fund. Este fundo da PIMCO tem, desde que nasceu na Europa, em 2012, Daniel Ivascyn, CIO e uma das principais figuras da entidade gestora norte-americana ao seu comando, com Alfred Murata e Joshua Anderson a completar a equipa. 

O Top 4, no entanto, não é exclusivo das obrigações, embora o Jupiter Dynamic Bond também marque presença, novamente. Com seis votos temos, simultaneamente, esse conhecido fundo de obrigações, é certo, mas também o fundo multiativos da DWS com o cunho de Klaus Kaldemorgen e o fundo de ações globais comandado por Terry Smith, que conquista muitos investidores pela sua particular filosofia. É um Top 4 onde fica evidente que o carisma de um fundo é um fator importante, quando confrontamos os analistas com a questão de quais são os fundos no seu top of mind.

A líder por outras métricas

Mudando um pouco a perspetiva de análise, é outra entidade que emerge destacada: a Schroders. A entidade gestora britânica acumula um notável número de votos dos analistas e selecionadores portugueses e um igualmente notável número de fundos nomeados.

Mais especificamente, são 23 votos - mais sete do que a seguinte entidade gestora por esta métrica - distribuídos por 17 fundos - a sete de distância da segunda gestora com mais votos, a Fidelity International. 

Os fundos Schroders destacados, no entanto, vão além do mundo das obrigações, com fundos de ações de mercados emergentes, desenvolvidos ou mesmo fundos de ações globais a marcarem presença entre os mais votados, juntamente com vários da plataforma de investimentos alternativos da casa, a GAIA.

FUNDOS DESTACADOS PELOS SELECIONADORES E ANALISTAS EM PORTUGAL EM 2023