Seguradoras portuguesas em 2022: como alocam as suas carteiras e qual a sua pegada na gestão de ativos

As seguradoras são instituições que desempenham um papel muito importante na sociedade. O facto de se disponibilizarem a assumir riscos em troca de um prémio permite que as pessoas possam levar uma vida mais tranquila perante a possibilidade de algum evento mais disruptor das finanças pessoais e as empresas e instituições possam esbater os riscos mais extremos que enfrentam nos seus negócio e atividade. Muito importante também são todas as soluções de investimento que estas entidades disponibilizam. Contratos unit-linked, PPR e outros produtos do setor segurador representam um peso pesado no mercado nacional de soluções de investimento. É um negócio que movimenta muito dinheiro e que, fruto das regras de provisionamento que regem a sua atividade, faz destas entidades algumas das maiores investidoras institucionais em Portugal.

Cada seguradora tem as suas caraterísticas próprias e forma de operar. Na sua generalidade, a gestão dos ativos é feita via linhas de investimento direto. No entanto, há muito espaço ocupado por fundos de investimento e Exchange-traded Funds (ETF). A FundsPeople decidiu olhar para os dados disponibilizados por estas entidades e perceber qual a representatividade de organismos de investimento coletivo nas carteiras das diversas seguradoras e quais são os instrumentos mais utilizados. Para chegar às conclusões pretendidas, recorremos às informações disponibilizadas nos relatórios oficiais das entidades com referência ao fecho de 2022.

Ao todo, o universo de seguradoras nacionais capturado nesta análise gere cerca de 51 mil milhões de euros. Dentro deste valor, aproximadamente 12,35 mil milhões de euros estão investidos em fundos de investimento mobiliários, ETF, fundos que investem em private assets ou fundos de investimento imobiliário. Este montante inclui fundos nacionais e estrangeiros, representando um universo mais vasto do que o considerado na estimativa de valor do mercado português de fundos estrangeiros publicada em maio deste ano. Falamos de aproximadamente 24,21% do total de ativos geridos. Desse total, através da nossa análise conseguimos compilar o detalhe relativo a cerca de 9,4 mil milhões de euros em fundos e ETF ou cerca de 76,12% do valor investido pelas seguradoras nestas estruturas de investimento.

O cenário das seguradoras nacionais é díspare e sofreu muitas alterações ao longo dos anos. A tabela apresenta um pequeno resumo das caraterísticas atuais e, por vezes, um pouco da história, de cada entidade. Visamos cobrir os pontos mais importantes para a gestão de ativos. Enquadrar o posicionamento da entidade - atual e passado -, bem como dar a conhecer as suas valências e segmentos em que opera (vida, não vida ou ambos).

A dimensão das carteiras das seguradoras nacionais e as suas caraterísticas

Ainda na tabela podemos ver a alocação (em percentagem) a cada um dos segmentos dos organismos de investimento coletivo, por nós identificados. Nesta lista destaca-se a Abarca que surge com 99,86% dos seus ativos investidos em fundos de investimento mobiliários. Com uma menor exposição percentual, segue-se a BPI Vida e Pensões, com 37,24% de exposição a OIC, e a Caravela, com 33,13%.

Os 50 fundos mobiliários mais investidos pelas seguradoras nacionais

Em primeiro lugar da lista, como fundo que mais montante capta dos portefólios das seguradoras nacionais à data de 31 de dezembro de 2022, surge o iShares Euro Government Bond Index Fund. O fundo indexado gerido pela BlackRock acumula 361 milhões de euros provenientes apenas da Ageas Portugal. Em segundo lugar, com 315 milhões de euros, surge o Morgan Stanley Investment Funds - Euro Corporate Bond Fund e em terceiro, com 310 milhões de euros, o J.P. Morgan Funds - US Aggregate Bond Fund.

Do total dos 50 fundos de investimento mobiliário apresentados 41 são fundos de investimento tradicionais e apenas nove são ETF. Ainda dentro do universo de 50 instrumentos mais representados temos três instrumentos classificados como artigo 9º da regulamentação SFDR, 26 instrumentos classificados com o artigo 8º e 21 sem qualquer classificação.

Entidades gestoras com mais montante investido 

A entidade gestora que mais ativos capta do leque das seguradoras nacionais é a iShares. A entidade gestora de ETF acumula um total de 790 milhões de euros, o equivalente a 8,39% do total investido em organismos de gestão coletiva. Em segundo lugar, com 780 milhões, surge a Tenax Capital. Como vimos anteriormente, a entidade britânica gestora de ativos privados é detida maioritariamente pela Fidelidade. O terceiro lugar é ocupado pela J.P. Morgan AM com 635 milhões de euros.

A primeira entidade nacional na lista é a BPI Gestão de Ativos (via Caixabank AM). A entidade nacional é responsável pela gestão de cerca de 381 milhões de euros. Segue-se a GNB Gestão de Ativos com 225 milhões e, em terceiro lugar, a Caixa Gestão de Ativos com 127 milhões de euros.

Para consultar a lista completa de fundos de fundos de investimento mobiliário presentes nas carteiras das seguradoras nacionais clique no seguinte link