Investidores de ETF: biotecnologia foi a grande aposta em maio

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O mote de maio costuma ser “sell in may and go away”, mas num ano tão atípico e repleto de altos e baixos como o que estamos a viver, isso não se concretizou. Contudo, como explica João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa, diz a estatística que quando o primeiro trimestre for de elevada volatilidade e depreciação dos ativos de risco, então tenderemos a ter uma recuperação.  

À semelhança de abril, nas palavras do especialista, maio foi um mês “de continuada valorização com os investidores a capitalizarem a abertura das sociedades e a perspetivar uma recuperação da atividade económica, após uma forte travagem que deixou em suspenso diversas atividades, sobretudo, as coletivas que envolvem transporte e lazer ou as compras de bens duráveis”. “A primeira semana foi de alguma correção, mas a elevada liquidez resultante de estímulos à economia colocados pelos Governos e autoridades monetárias, como os Bancos Centrais, auxiliaram a mitigar o impacto de maiores desvalorizações e das surpresas negativas dos dados macroeconómicos e de resultados de empresas”, conta o profissional do Banco Carregosa.

Na entidade, os sectores que lideraram as valorizações continuaram a ser o da tecnologia, cuidados de saúde – no qual se inserem as indústrias farmacêuticas e de biotecnológicas -, e as utilites elétricas que contaram com o apoio também das empresas de valor (ou value stocks). O profissional conta ainda que estas “acabam por ser as que no meio da incerteza observam maior resiliência pelo seu maior equilíbrio financeiro entre ativos e passivos, forte capacidade de gerar meios libertos líquidos e diversificação das suas fontes de receitas e de clientes (segmentos, perfis, geografia, etc.)”.

Do lado do Banco Best, o principal destaque foram as commodities, especialmente o petróleo e o gás natural. A nível setorial e à semelhança do Banco Carregosa, foi registada procura pelo setor da saúde, mais concretamente pela biotecnologia.

“Ligado ao petróleo, temos o investimento mais direto (ainda que o investimento em commodities tenha que ser sempre feito via contratos de futuros) nos ETFs United States Oil e United States 12 Month Oil, o primeiro com uma estratégia de aquisição e rotação em contratos de maturidades mais curtas (três meses) e o último com uma estratégia de aquisição e rotação em contratos com maturidades mais longas (12 meses)”, explica Rui Castro Pacheco, diretor-adjunto da entidade.

Também ligado ao petróleo, foi registado interesse em empresas dos setores que o exploram. Entre os mais subscritos, o profissional conta que “podemos encontrar os ETFs SPDR® S&P Oil & Gas Exploration & Production e iShares STOXX Europe 600 Oil & Gas, com o primeiro a escolher empresas nos Estados Unidos e o segundo a concentrar-se na Europa”. Quanto ao gás natural, os clientes do Banco Best optaram pelo investimento no United States Natural Gas.

No que concerne as ações, Rui Castro Pacheco conta que “podemos encontrar uma aposta genérica e global com o iShares Core MSCI World. Regionalmente, vemos procura por EUA e mais tecnológica, com o ComStage Nasdaq-100®, bem como pela Europa e Alemanha, com o iShares EURO STOXX 50 e o iShares Core DAX®".

Ativos de risco

De acordo com João Queiroz, a maioria das carteiras viu ser aumentada a sua exposição a ativos de risco com alguma rotação das obrigações soberanas que registarem algumas correções, à exceção das economias emergentes. Ainda assim, os metais preciosos a mantiveram uma procura relativa principalmente porque serviram de imunização à queda da inflação ou desinflação. “As entradas setoriais e em ativos por stock picking para janelas de tempo mais longas, encontraram nos short e reverse ETF sobre índices genéricos, uma ferramenta para prevenir eventuais correções”, explica o profissional.

“A maioria dos investidores tem a expectativa de que as atuais avaliações da média dos sectores estão a prémio, face aos dados macroeconómicos e à evolução dos ganhos por ação (EPS) do 2º trimestre. Contudo, parece existir consenso de que os terceiro e quarto trimestres podem corresponder a uma recuperação mais rápida das economias se as tensões geopolíticas não escalarem, o consumo e da despesas das famílias continuar a recuperar, e a atividade industrial e empresarial responder aos estímulos”, conclui João Queiroz.