J.P. Morgan sobre 2016: os dois riscos que espreitam e as oportunidades para os investidores

6242455757_5a881e9376_b
Gamma Man, Flickr, Creative Commons

2016 será um ano que essencialmente ficará marcado por eventos que já conheceram a luz do dia em 2015. É nisso que acredita Stephanie Flanders, chief market strategist para o Reino Unido e para a Europa, da J.P. Morgan AM, para quem, pelo menos em dezembro, aconteceram  três reuniões fundamentais que serão motores do novo ano que começou: a reunião do BCE, da Fed, e dos produtores da OPEP.

Se em 2015 a palavra “divergência” foi um dos epítetos mais adequados para classificar as economias, em 2016 essa palavra não entrará seguramente em desuso. “O mundo dividiu-se por regiões e por sectores, com as economias desenvolvidas a saírem-se melhor do que as emergentes, e em cada país os negócios pertencentes ao sector dos serviços a terem um melhor comportamento do que as empresas de manufactura”. Uma tendência mais do que natural, aponta a especialista, que recorda que durante muitos anos foram os mercados emergentes a dar o contributo mais pesado para o crescimento global (ver gráfico).

 

Em 2016 da entidade esperam que a Zona Euro cresça ligeiramente mais do que em 2015 (no ano passado a região cresceu 1,5%), embora tudo esteja dependente do início de recuperação do investimento privado. No outlook para o próximo ano interpõe-se como grande pilar de incertezas a China. O grade desafio para a região é “gerir este abrandamento cíclico sem prejudicar o movimento estrutural para uma economia mais orientada para o consumo, o que será bom para os desequilíbrios mundiais, mas também para a China”.

Outra das grandes questões que vão marcar o ano prende-se com as expectativas de mercado relativamente ao caminho de subidas de taxas em 2016. “O consenso tático é de que o FOMC irá rever em baixa as suas previsões, como aconteceu outras vezes desde 2009”, diz a profissional, que salienta, por outro lado, que “se os mercados se tiverem de ajustar desta vez, isso poderá entregar um golpe significativo para os mercado de obrigações, bem como providenciar uma pressão de subida no dólar desnecessária”. 

O que podem esperar os investidores?

Stephanie Flanders acredita que os investidores podem esperar que no novo ano os retornos se situem entre as tendências de 2014 e as de 2015, mas com “maior potencial de subida para as ações comparativamente com 2015, embora por outro lado, com maior potencial de queda para as obrigações”.  Na opinião da gestora internacional os investidores devem redirecionar as suas carteiras em favor dos ativos de risco em detrimento dos títulos de dívida, e preferir os mercados desenvolvidos face aos emergentes.

Por outro lado aponta que as perspetivas de retornos mais baixos e de volatilidade mais elevada neste estádio de mais volatilidade no ciclo, irá, provavelmente, “fortalecer a possibilidade de aumento da exposição classes de ativos alternativas, tais como os hedge funds, que podem funcionar como uma fonte tanto de diversificação, como de potencial de proteção para as quedas nas carteiras”.

Olhos “bem abertos” para dois tipos de riscos

Na perspetiva da profissional são dois os riscos que poderão espreitar na esquina do novo ano. Por um lado acredita que os investidores devem estar atentos à evolução do dólar. Assinala que o “dólar continuará a fortalecer-se, pelo menos na primeira metade do ano” – sendo esta situação de fácil gestão para os investidores – podendo ser pior outra subida, não só para o balanço da economia, mas também para a estabilidade em termos globais.

O outro risco a monitorizar prende-se com a “persistente fraqueza do mundo da manufactura”, e com as recentes preocupações em termos de ao nível da liquidez e qualidade no mercado de crédito norte-americano. “Os investidores devem manter os olhos postos em sinais que demonstrem que qualquer um destes temas esteja a contaminar a recuperação global”, aconselha.