Em entrevista à FundsPeople, a MFW revela a estratégia por trás do sucesso do MFW Global Winners, a aposta em ações globais em 2024 e a escolha da Irlanda como base europeia da entidade.
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A Multi Family Wealth (MFW), entidade gestora com ADN português, tem sobressaído no mercado de gestão de ativos e patrimónios, oferecendo serviços de gestão patrimonial e consultoria financeira, atendendo tanto instituições quanto famílias. Recentemente, destacou-se o desempenho notável do seu fundo Global Winners, o fundo mais rentável na categoria de multiativos no ano passado. É um produto que representa entre 25 a 30% dos ativos sob gestão da MFW, que estão a atingir um total de, aproximadamente, 400 milhões de euros.
À conversa com a FundsPeople, os principais executivos da MFW partilharam as razões por trás desse sucesso, a sua estratégia de expansão e a decisão de se estabelecem na Irlanda.
O sucesso do Global Winners Fund
O desempenho do Global Winners Fund tem chamado a atenção, consolidando-se, uma vez mais, como o fundo internacional mais rentável na sua categoria, em 2024. Segundo Jorge Jardim Gonçalves, CEO e CIO da entidade, uma das razões para o sucesso passa pela adoção de critérios rigorosos e um foco bem definido. “Não nos preocupamos com setores específicos, mas sim com empresas que tenham gestão sólida e estratégia bem definida”, explica.
Uma das caraterísticas diferenciadoras do fundo apontada pelos profissionais, é “a seleção cuidadosa de grandes empresas, com capitalização mínima de 20 mil milhões de dólares”. Além disso, é fundamental que possuam “liquidez suficiente para permitir entrada e saída rápida sem impacto nos preços”, explica Jorge Jardim Gonçalves. “O nosso foco”, acrescenta, “está em empresas financeiramente sólidas e consistentemente lucrativas”.
Após essa filtragem inicial, a equipa conduz uma análise quantitativa fundamental, aliada a uma avaliação qualitativa para entender o poder de mercado, as capacidades de gestão e a posição estratégica dessas empresas. No final desse processo, a seleção resume-se a cerca de 120 empresas listadas, de onde escolhem “aquelas que melhor cumprem os requisitos para proporcionar retornos acima das expectativas” diz o CEO.
A estratégia de 2024
“Em 2024, percebemos que a economia dos Estados Unidos estava a ter um desempenho superior ao da União Europeia”, comenta Raul Afonso, economista-chefe da MFW. “Assim”, explica, “reduzimos a exposição ao mercado europeu ao longo do ano, virando o foco para as empresas norte-americanas, nomeadamente algumas ligadas à inteligência artificial”. O profissional dá ainda o exemplo de empresas de outros setores, como é o caso da Chipotle, do setor da restauração, “que superou os concorrentes” ou da Eli Lilly, “que teve um excelente desempenho durante o ano”.
Também no ano passado, segundo revela o economista-chefe, aproveitaram o ambiente macroeconómico favorável, marcado pela queda da inflação e expectativas de cortes das taxas de juro. Revelam ainda que, tendo em conta também a incerteza face às eleições dos Estados Unidos, a meio de 2024 implementaram “uma estratégia de cobertura através da compra de puts” e investiram “20% do portefólio em títulos do Tesouro” que, assume Raul Afonso, “foi um bom momento para o fazer”.
Irlanda vs Luxemburgo
Originalmente fundada em Londres em 2016, a MFW teve que reavaliar a sua estratégia após o Brexit. “Quando aconteceu, precisávamos de encontrar um país dentro da União Europeia que nos permitisse continuar a atender os nossos clientes institucionais, que incluem portugueses, espanhóis, franceses, irlandeses e luxemburgueses. Ponderamos Irlanda, Luxemburgo e Malta. Optámos pela Irlanda devido à sua estabilidade regulatória e ao suporte que é dado ao setor financeiro”, revela o CEO.
Ainda assim, a mudança para a Irlanda permitiu que a MFW mantivesse a sua presença no Reino Unido e se expandisse para outros mercados da União Europeia. “Somos uma empresa de serviços de investimento MiFID autorizada e regulamentada pelo Banco Central da Irlanda, o que nos permite operar em vários países por meio do passaporte europeu”, explica Raul Afonso. Outro fator que pesou na escolha da Irlanda foi o ambiente educacional e o idioma. “A Irlanda pareceu mais atrativa por ser um país de língua inglesa, com profissionais altamente qualificados e uma cultura empresarial alinhada com a nossa”, acrescenta.
Happy clients bring other clients
Quanto a perspetivas futuras, a MFW planeia fortalecer a sua presença nos mercados onde já atua. “O nosso crescimento tem sido muito orgânico, baseado no boca a boca e na satisfação dos clientes, e procuramos expandir a nossa rede, sem ter que investir fortemente em publicidade e demasiada exposição”, assume Jorge Jardim Gonçalves. “Preferimos que os clientes satisfeitos tragam outros clientes. E esta é a melhor forma e a mais eficaz. É o que temos vindo a fazer e não queremos mudar substancialmente”, refere.
Mesmo com a transição para a Irlanda e a expansão global, a MFW diz continuar fiel às raízes lusas. “Somos uma empresa com ADN português, mas vemos o mundo como o nosso mercado natural e desde o início que tivemos a ambição de atuar globalmente”, conclui.