JPM Global Income: sucessos e insucessos em 2015...

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GotCredit, Flickr, Creative Commons

O ano de 2015 foi um ano de contrates para o JPM Global Income. Perante o contexto de volatilidade e as grandes oscilações registadas pelos preços dos ativos, o fundo gerou um dividendo entre 4,6% e 4,9% (dividendo trimestral anualizado) ao longo do ano, se bem que algumas estratégias não funcionaram. Por exemplo, a exposição relativamente elevada do fundo ao segmento high yield foi o factor que mais penalizou a rentabilidade do produto em 2015, depois dos spreads atingirem os níveis mais elevados desde 2011. Também foram prejudiciais as posições em futuros de obrigações do tesouro norte-americano: tanto a posição curta em futuros sobre treasuries a cinco anos, desenhada para compensar parte do risco de taxa de juro, como a posição longa em futuros sobre obrigações do tesouro a 30 anos, como hedge contra a aversão ao risco.

Por outro lado, a exposição relativamente elevada às ações internacionais contribuiu positivamente para a rentabilidade, sobretudo a alocação aos mercados europeus, que registaram um bom comportamento durante o período. As ações preferenciais e títulos hipotecários “non-agency” proporcionaram diversificação durante os episódios de volatilidade e contribuíram para a rentabilidade anual. Foram três, as grandes alterações no posicionamento realizadas no ano passado. Em primeiro ugar, foi reduzido, em termos gerais, o risco do fundo, com uma redução progressiva da ponderação das ações na carteira para os 36%. Em segundo lugar, foi aberta uma posição em dívida corporativa americana, investment grade a longo prazo, operação que financiaram com o capital previamente alocado às ações. Por último, foi ampliada a posição em high yield. “As correções foram exageradas e explicam-se pelas débeis condições de liquidez, assim como pela debilidade de certos sectores”, afiram Talib Sheikh e Michael Schoenhaut, gestores do fundo.

Estratégia em high yield

“Os spreads ajustados por opções (OAS) do segmento high yield norte-americano, começaram o ano em 483 pontos base e alcançaram os 655 pontos base no fecho do terceiro trimestre. Para contextualizar, estes spreads apenas superaram estes níveis três vezes nos últimos 20 anos. Ainda que tenhamos aumentado a nossa posição em high yield, é importante destacar que efetuamos uma alocação ativa dentro desta classe de ativos. Deste modo, optámos por reduzir a ponderação aos sectores de energia, metais e mineração e contamos com menos títulos com classificação CCC na carteira em comparação com o índice high yield de referência. Não temos nenhum problema em renunciar a alguma yield, considerando o nosso enfoque na rentabilidade ajustada ao risco e retorno total”, explicam.

Conscientes de que o crédito norte-americano se encontra sob pressão, a sua lógica baseia-se numa ideia muito simples: a ausência de uma recessão nos EUA. Neste sentido, os elevados spreads do crédito, em geral e da high yield em particular, deveriam traduzir-se em rentabilidades semelhantes às das ações em 2016. “A nossa recomendação é de que os investidores pensem no segmento high yield como um ativo “carry” , capaz de gerar rendas, e não como um ativo gerador de mais-valias. Mantemos a nossa preferência por crédito com maior qualidade e consideramos que a diversificação e uma cuidadosa seleção de títulos serão a chave para um bom 2016”.

“Depois de um ano de crescimento instável e turbulência nos mercados, as perspectivas para 2016 são um pouco melhores. Com a economia norte-americana a meio de um ciclo, a recuperação estabilizando na Europa e os primeiros sinais de estabilização nos mercados emergentes. Adicionalmente, o difícil ano que deixamos para trás ensinou-nos várias lições valiosas para ter em consideração em 2016. Em primeiro lugar, estamos a adaptarmo-nos a um mundo que cresce mais lentamente, mas não tem que necessariamente se traduzir em rentabilidades nulas. Em segundo lugar, estamos a sair de um mundo sem inflação para entrar num mundo de baixa inflação. Por último, o mundo procura desesperadamente a confirmação de que a primeira subida de taxas nos EUA em quase uma década, não resultará num abrandamento significativo nem do crescimento mundial nem do acesso ao capital”.

Estratégia no segmento de ações

A nossa alocação a ações mostra uma inclinação no sentido dos mercado europeus, considerando as atrativas rentabilidades, valorizações razoáveis e a política monetária expansiva. O programa pro-cíclico de QE, em marcha na região, é um fenómeno relativamente novo e não estamos convencidos que o euro fraco e o QE resultem em maior potencial, já que estes efeitos já deverão estar descontados. Por outro lado, os mercados relacionados com matérias primas e mercados emergentes estão menos atrativos de momento, como já estavam em 2015.  Para a nossa visão sobre este tema mudar, precisamos de comprovativos que as vendas e resultados atingiram um floor ou que os mercados locais estabilizaram. Além disso, o dólar norte-americano, os preços das matérias primas e os indicadores macro da China teriam quee mostrar claros sinais de estabilização antes de voltarmos a reconstruir a nossa posição em ações de mercados emergentes”.

Estratégias noutras classes de ativos

A equipa continua a gerar rentabilidades a partir de outras classes de ativos, como ativos hipotecários norte-americanos “non-agency” e ações preferenciais, que – no seu ver – proporcionam rentabilidades atrativas. “Entre as primeiras, aumentámos a nossa exposição a hipotecas comercias, em 2015, já que alguns destes ativos estão entre os mais baratos do universo de investimento. No que se refere a dívida de mercados emergentes, as nossas posições concentram-se principalmente em obrigações em divisa estrangeira (>90%)”.