O diretor de Estratégia e Produtos da empresa, entrevistado pela FundsPeople nos escritórios de Milão, partilha a sua análise e antecipa o principal desafio para 2025: o lançamento de uma nova plataforma de ETP.
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Uma oferta cada vez mais digital, num leque cada vez mais amplo de setores. Isto inclui a gestão de ativos, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa. “Graças à tecnologia, conseguimos chegar a um maior número de clientes de forma escalável. E, ao mesmo tempo, garantimos a prestação dos melhores serviços. Não creio que seja uma tendência nova, mas algo que já vem de há alguns anos. Especialmente após a COVID, acelerou significativamente”, afirma Juan de Palacios Sanz, Chief Strategy and Product Officer da Allfunds.
A digitalização é essencial, sobretudo na utilização de dados. O risco de não acompanhar as mudanças é criar um desfasamento significativo face à concorrência. “A IA veio para ficar e vai revolucionar qualquer setor, inclusive o do quotidiano. É uma ferramenta que nos permitirá fazer coisas inimagináveis. Vai permitir-nos atender um número crescente de clientes, prestar melhores serviços e personalizar a oferta”, explica o especialista entrevistado pela FundsPeople.
Também no setor da gestão de ativos, esta vaga de mudança afetará tanto o segmento de retalho como o institucional. Ninguém fica de fora. O especialista olha para o futuro próximo com três objetivos em mente:
- Ampliar a oferta aos clientes e facilitar-lhes o acesso a um número crescente de produtos;
- Utilizar a inteligência artificial para personalizar a oferta ao cliente, melhorando a sua experiência final;
- Permitir às empresas assegurar um melhor serviço aos clientes, estabelecendo um processo de aconselhamento eficiente.
Mercado europeu, foco em Itália
A Allfunds está muito bem posicionada no mercado da Península Ibérica. “Não só do ponto de vista da plataforma, mas também pelo serviço prestado a muitos dos nossos clientes”, refere o especialista. Juan De Palacios Sanz identifica uma clara tendência para a externalização de serviços. “Se pensarmos há apenas 15 anos, a tendência era realizar internamente muitas atividades. Agora, as empresas percebem que precisam estar conectadas com todo o mercado”. Esta é uma tendência visível em todo o mercado europeu.
“Muitos clientes utilizam as nossas capacidades de gestão de dados para oferecer uma experiência digital aos seus próprios clientes. É assim que os ajudamos. Em Itália, este processo já está bastante avançado. O que podemos afirmar com toda a certeza é que o mercado está a evoluir rapidamente em termos de digitalização”, sublinha. O que a Allfunds oferece é uma abordagem adaptada a cada necessidade, de acordo com o ecossistema de carteira de cada cliente. “Temos soluções que vão desde a incorporação de clientes até à definição de perfis”, explica.
Como referido no início, a experiência dos clientes finais e dos grandes intermediários financeiros tem de estar ao nível da concorrência. Entre os concorrentes, encontram-se os novos modelos de bancos digitais nativos, cujo sucesso depende da qualidade das suas aplicações.
Um futuro de inovações
Juan De Palacios Sanz explica que a ambição relativamente a um gestor de patrimónios, a um cliente ou a um distribuidor é “ajudá-los a preservar e desenvolver a relação com os seus clientes”.
Outro objetivo é oferecer acesso a uma gama mais ampla de produtos. Esta é, provavelmente, a nova proposta da Allfunds. Define o modelo da sua plataforma como “três em um: long-only, alternativos e, brevemente, ETP — no mesmo ecossistema. É algo único no seu género”, afirma.
Os fatores ESG continuam igualmente no topo das prioridades. “É verdade que a regulamentação sobre sustentabilidade está a mudar, mas continua a existir um fluxo de informação relevante neste domínio”, admite. Recorda a aquisição da MainStreet Partners, finalizada em meados de fevereiro de 2023. Esta empresa “faz parte do grupo e está integrada na proposta global, não se trata de uma unidade satélite”.
Entre as inovações da empresa, o profissional destaca o projeto Ana (Allfunds Navigation Assistant). Trata-se de uma solução de IA que melhora a utilização e funcionalidade para os utilizadores da Allfunds Connect — tanto gestoras como distribuidores. Permite navegar melhor pelas funcionalidades da plataforma e beneficiar de uma experiência de utilizador mais avançada.
Expansão no setor de fundos alternativos
Em 2023, foi também lançado o programa Allfunds Private Partners (APP). Recentemente, a J.P. Morgan Asset Management juntou-se a este programa. A iniciativa surgiu em resposta à crescente procura por parte das gestoras de ativos por apoio ao investimento dos seus clientes nos mercados privados. Através da plataforma, as gestoras de ativos têm acesso à rede de distribuidores mais ampla e de crescimento mais rápido a nível mundial, presente na Allfunds.
Por sua vez, os distribuidores em mais de 60 países podem aceder de forma automatizada e digital aos fundos alternativos. Ao aderir ao APP, a J.P. Morgan AM poderá disponibilizar a sua oferta aos numerosos distribuidores globais presentes na Allfunds.
A J.P. Morgan AM junta-se assim a um grupo seletivo de importantes gestoras alternativas e instituições financeiras como Apollo, BlackRock, Blackstone, Carlyle, Franklin Templeton, KKR e Morgan Stanley Investment Management, que já integravam o programa.
A aposta nos ETP: o novo horizonte
Para os próximos 12 meses, a Allfunds continua a trabalhar no lançamento da sua plataforma de ETP, previsto para o segundo trimestre de 2025. “Dado que esta é já uma tendência clara e está a crescer a procura por ETF — incluindo ativos e temáticos — trata-se de um desafio e uma oportunidade para a indústria da gestão de ativos”, comenta o profissional. Nos últimos meses, a empresa anunciou a contratação estratégica de novos talentos nas áreas de vendas, operações e dados. O objetivo é integrar a atual oferta de fundos tradicionais e alternativos, criando uma plataforma completa com três pilares. Esta proporcionará uma gama abrangente de produtos negociados em bolsa dentro de uma solução unificada.
“Se pensarmos nos utilizadores, vamos ajudá-los de muitas formas. Já temos uma SICAV white label no Luxemburgo. Obtivemos o passaporte para a Irlanda. Como é sabido, a Irlanda é um dos centros preferenciais para o lançamento de ETF”, explica o profissional. O objetivo é interligar países e mercados. O objetivo final é facilitar o acesso dos clientes a estas soluções através de um verdadeiro marketplace, como a empresa já fez noutras ocasiões. Os instrumentos indexados também farão parte da oferta.