Almudena Benedit, diretora de Gestão de Carteiras para a Península Ibérica da entidade, destaca a força económica e liderança tecnológica da região, enquanto a Europa continua a ficar para trás.
As opiniões sobre o que acontecerá nos mercados em 2025 são diversas. Enquanto alguns investidores estão a aumentar as suas posições na Europa, na expetativa de uma recuperação da região, outros mantêm firme a sua aposta na economia norte-americana. Um destes últimos é a Julius Baer. Segundo Almudena Benedit, diretora de Gestão de Carteiras para a Península Ibérica da entidade, mantêm-se sobreponderados nos EUA devido à sua força estrutural, ao seu espírito empreendedor, a uma política fiscal mais expansiva e à sua liderança em setores estratégicos como a tecnologia.
A entidade aposta sobretudo nas ações norte-americanas, uma vez que prevê um crescimento dos lucros empresariais de 10% nos EUA, face a 5% na Europa. Neste sentido, a entidade destaca que “a IA está a transformar o mundo e a Europa está a ficar de fora desta revolução”, o que reforça a preferência pelas tecnologias norte-americanas.
Política monetária: expetativas de taxas de juro
A Julius Baer afasta-se do consenso do mercado sobre os cortes das taxas de juro. Não esperam nenhum corte por parte da Reserva Federal em 2025, uma vez que consideram que “a economia norte-americana não precisa de o fazer”. Além disso, destacam que “a inflação se manterá entre 2% e 3%, pelo que uma descida das taxas de juro poderia estimular a economia desnecessariamente”, afirma Almudena Benedit. No entanto, a profissional prevê cortes de taxas para 2026.
Na Europa, por outro lado, esperam que as taxas desçam para 1,7%, embora o mercado espere que atinjam os 2%. Esta revisão foi feita na sequência da vitória de Donald Trump nos EUA, “que levou a um ajuste das suas projeções macroeconómicas”, explica Almudena Benedit.
A Fed e o BCE: caminhos diferentes
Estratégias de investimento em ações e obrigações
Para este ano, a Julius Baer adotou uma posição neutral em ações globais, com uma sobreponderação nos EUA devido à sua estabilidade macroeconómica. No entanto, Almudena Benedit alerta para a volatilidade e possível compressão dos múltiplos, o que poderá levar a correções no mercado. Apesar de tudo, a entidade espera que os índices de ações continuem o seu crescimento, embora a um ritmo inferior ao dos lucros empresariais.
O setor tecnológico continua a ser uma das principais áreas de interesse para a entidade, devido à sua recuperação cíclica e ao seu papel na transformação digital. Almudena Benedit descarta a possibilidade de uma bolha no setor, “uma vez que as valorizações são apoiadas por sólidos resultados empresariais”.
Na Europa, mantêm uma posição neutra, embora com uma sobreponderação na Alemanha, especialmente em large-caps, devido às suas elevadas valorizações. No entanto, persiste a incerteza sobre se a Alemanha poderá liderar as mudanças estruturais necessárias na Europa. “Acreditamos que uma redução do défice fiscal é viável e poderá melhor a situação da zona euro”, explica a diretora de Gestão de Carteiras.
Em obrigações, a entidade favorece o crédito corporativo em detrimento da dívida governamental, com uma exposição a durações de quatro anos e evitando, de momento, posições mais longas. Em obrigações high yield, favorecem as obrigações BB em detrimento das CC nos EUA, antecipando um melhor desempenho após a vitória de Trump.