Kenneth Stuzin (Brown Advisory): “É muito possível que a economia norte-americana consiga pôr a linha na agulha”

Ken Stuzin. Créditos: Cedida

Passaram 12 meses desde que nos sentámos pela última vez com Kenneth Stuzin, gestor do Brown Advisory US Equity Growth. Neste último ano, muito aconteceu e, no entanto, pouco mudou. Há 12 meses os investidores ainda estavam a digerir as rápidas e fortes subidas de taxas e a recessão parecia cada vez mais iminente. Dois temas que continuam no centro da conversa atualmente.

O que também não mudou foi o sentimento positivo com que Kenneth Stuzin lê o mercado norte-americano. “Não me considero um observador da Fed, mas a sensação consensual é que estamos muito próximos do fim das subidas de taxas nos EUA”, reconhece o gestor. E mais importante do que o fim do ciclo de endurecimento estar a chegar é que a economia norte-americana continua em boa forma. “A realidade é que a última temporada de resultados nos Estados Unidos foi boa. Não são números que correspondem a um abrandamento da economia”, insiste.

“É muito possível que a economia norte-americana consiga pôr a linha na agulha”, defende. O consumidor norte-americano ainda tem uma almofada de poupança após a pandemia. Além disso, as tensões do mercado laboral estão a abrandar sem grandes baixas. “A pressão salarial está a diminuir sem ter sido preciso uma vaga de desemprego porque ainda há escassez de mão-de-obra”, explica Kenneth Stuzin.

De onde virá crescimento 

Mas mesmo com a resiliência da macroeconomia e a recuperação dos mercados, os investidores continuam hesitantes. “O nosso fundo tem uma subida de dois dígitos até agora este ano, mas os investidores continuam limitados pelo risco de recessão e pela inflação. A crise bancária de março também não ajudou”, afirma o gestor.  

Mas um abrandamento económico só reforçaria a tese das empresas de elevado crescimento, como as procuradas pelo Brown Advisory US Equity Growth. Na opinião de Kenneth Stuzin, ainda há negócios capazes de crescer neste contexto. Cita, por exemplo, o impulso no mundo do software. “O software dirigido a empresas tornou-se uma parte essencial do seu modelo de negócio. Certos serviços estão a ser cada vez mais externalizados graças aos avanços tecnológicos”, afirma. Um exemplo em carteira é a ServiceNow, a sua principal posição no final de março de 2023.

Mas também encontra essa inovação tecnológica em vários nomes do setor da saúde. Na Intuitive Surgical, a dona do robot de cirurgia Da Vinci, que permite realizar operações minimamente invasivas. Ou na Edwards Lifesciences, especializada em válvulas cardíacas artificiais. Ou na Dexcom, a criadora de um revolucionário monitor contínuo da glucose.