Mercados privados vão representar 30% dos ativos mundiais em 2032

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Créditos: Erol Ahmed (Unsplash)

A consultora Bain & Company publicou recentemente um relatório em que prevê que os ativos sob gestão (AuM) de mercados privados vão subir a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 9%-10%. Ou seja, mais do dobro do que a taxa de avanço dos mercados públicos.

Os alternativos ilíquidos alcançarão, deste modo, um volume de entre 60 a 65 biliões de dólares em 2032, o que representa 30% dos AuM totais.

Crescimento esperado dos ativos de mercados privados

A fotografia a dez anos justifica o esforço das entidades para se posicionarem em mercados privados. Num ambiente de pressão sobre as margens, as comissões de gestão de ativos de mercados privados são uma fonte de capital bastante cobiçada. Em conjunto, o volume por receitas de comissões passará dos 0,9 biliões de dólares em 2022 para os dois biliões em 2032.

Fotografia em 2032

O private equity vai continuar a ser a categoria mais importante, seguida do crédito privado, cujo peso passará dos 5% em 2022 para os 18%-20% (o que representa um crescimento anual de 10%-12%). Por detrás do avanço dos ativos de private debt está, entre outros fatores, a menor emissão de empréstimos por parte da banca tradicional.

A terceira categoria com maior peso será as infraestruturas, segmento para o qual se espera um maior crescimento na próxima década (CAGR de 13%-15%). Por detrás deste crescimento existe uma necessidade real de financiar projetos, à medida que os fundos públicos se restringem devido ao aumento dos défices dos governos.

Do ponto de vista da procura, a Bain & Company espera que a alocação por parte dos investidores institucionais aos mercados privados aumente 10% anual entre 2022 e 2032. “Os fundos soberanos, endowments e os fundos de seguros procuram maiores retornos devido à volatilidade dos mercados públicos e à diminuição das rentabilidades”, assinala o relatório.

No entanto, a grande revolução vem do investidor particular, cujo peso nestes mercados poderá passar dos 16% em 2022 para 22% em 2032. “Os particulares sentem-se atraídos pelo mercado de ativos alternativos perante a perspetiva de diversificação e maiores retornos, e estão dispostos a tolerar uma menor liquidez”, afirma Cira Cuberes.

Participação dos investidores de retalho aumenta

Dois universos de investimento, o cliente institucional e o particular, para os quais as gestoras tentam adaptar a sua oferta. Uma solução única já não é aplicável. Os institucionais procuram investir no business as usual, e à medida que aumentam a sua experiência e sofisticação, ajustam a sua asset allocation mais além dos fundos de fundos, procurando estratégias de coinvestimentos, investimento em primários, etc.

Os investidores de retalho, pelo contrário, encontram-se, de forma geral, numa etapa incipiente na sua experiência em mercados privados. Para satisfazerem esta procura, muitas gestoras começaram a construir uma oferta de produtos que reduza a iliquidez dos veículos tradicionais e permitam reembolsos periódicos, como produtos de liquidez intermitente para investidores de retalho.

O que falta para se adaptarem

À medida que os gestores de ativos se preparam para se tornarem fornecedores de serviços completos em todas as classes de ativos, a Bain & Company observou uma convergência de estratégias entre os fornecedores de produtos de ativos tradicionais e os alternativos. Quem dominar o mercado basear-se-á, provavelmente, em duas táticas:

  • Oferecer um produto de nicho que atraia particulares com um elevado património líquido;
  • Garantir uma produção a grande escala.

Se pretendem adaptar-se e manter-se à frente dos seus concorrentes, os gestores de ativos devem centrar-se em cinco áreas:

  • Definir onde jogar e como ganhar: as empresas devem compreender o seu ponto de partida e objetivo final em mercados privados antes de realizarem qualquer ação;
  • Desenvolver novas capacidades de front-to-back-office: formação do pessoal de vendas, integração de especialistas em produtos e redesenhar as operações para salvar as diferenças entre os sistemas de mercado público e de mercado privado;
  • Educar os investidores: devem ser capazes de comunicar aos investidores como podem dispor de liquidez suficiente e da capacidade de assegurar os ativos privados;
  • Adaptar as vendas e o marketing: novas plataformas digitais e outros canais de distribuição para aumentarem o conhecimento da marca, angariar fundos e oferecer uma gama mais ampla de ativos. As gestoras devem contar com vendas especialistas no desenvolvimento de relações com gestores de patrimónios e explicar produtos complexos a clientes de retalho;
  • Melhorar as competências de integração de fusões e aquisições (M&A): a atividade nos mercados privados tem acelerado desde 2020, com mais de 40 transações em cada um dos últimos três anos. Serão necessárias melhores habilidades de integração para combinar o talento, a cultura e as operações.