Michael Schoenaut (J.P. Morgan AM): “O nosso cenário base para o próximo ano prevê um crescimento global abaixo da tendência”

Michael Schoenhaut
Michael Schoenhaut. Créditos: FundsPeople

Para o futuro, os gestores do JPM Global Income, um dos fundos de distribuição de rendimentos mais populares no mercado ibérico, esperam que o nível de incerteza sobre as perspetivas da economia mundial permaneça elevado. “Embora os dados económicos recentes tenham sido mistos, o nosso cenário base prevê um crescimento global abaixo da tendência em 2023, o que pode gerar uma maior pressão sobre os ativos de risco”, explica à FundsPeople Michael Schoenhaut, cogestor com Eric Bernbaum deste produto com Rating FundsPeople 2022. Na opinião deste famoso gestor, que no passado dia 16 de novembro esteve presente numa conferência em Lisboa, o principal motor dos mercados continuará a ser a trajetória da inflação global e da política monetária.

No que diz respeito à gestão do produto, investem de forma diversificada numa ampla gama de ativos visando capturar as melhores oportunidades de rendimento a nível global, recorrendo ao trabalho de análise e investigação que as equipas da J.P. Morgan AM, presentes em todo o mundo, realizam. “Em todas as regiões e em todo o mundo, a carteira continua bem diversificada e focada em oferecer uma atrativa rentabilidade ajustada ao risco ao longo do ciclo do mercado”, sublinha. Nos últimos tempos, tanto Schoenhaut como Bernbaum realizaram algumas mudanças no que diz respeito ao posicionamento da carteira. 

Movimentos na carteira

Em primeiro lugar, aproveitaram as subidas intramensais do mercado durante o trimestre e reduziram a sua exposição geral ao mercado de ações para reduzir o nível de risco dentro da carteira. “Isto reflete a nossa perspetiva de que o crescimento será reduzido”, afirma. A nível regional, reduziram a sua exposição a ações europeias e de mercados emergentes, acreditando que “as vulnerabilidades eram evidentes nestas regiões”. 

Por outro lado, reduziram a sua alocação ao crédito no último trimestre. Mais especificamente, reduziram a exposição no mercado de high yield, tanto dos EUA como da Europa. “As preocupações sobre a liquidez podem tornar estes segmentos de mercado potencialmente mais ilíquidos num contexto de recessão económica”, avisa Schoenhaut. Também reduziram a sua exposição à dívida dos mercados emergentes dada a sua visão mais cautelosa sobre a economia global e o contexto macroeconómico atual.

A maioria das receitas provenientes da redução do risco na carteira, desfazendo o posicionamento durante o último trimestre, foram para a liquidez, com o objetivo de terem munição que possam alocar à medida que as oportunidades de investimento vão aparecendo no mercado. Dentro da sua estratégia de calls, acrescentaram instrumentos vinculadas às ações do Nasdaq de maneira oportunista, sobretudo em setembro, quando observaram que os picos da volatilidade das ações tinham deixado estes instrumentos a preços atrativos