“New normal”, Ibéria e Emergentes: aponte as ideias da Fidelity

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alexskopje, Flickr, Creative Commons

Como não poderia deixar de ser, o Fidelity Worldwide Investment Forum 2014 não deixou passar em branco aquele que se afigura como o “new normal”  nas obrigações. Mas ainda antes de dar voz aos speakers da gestora internacional, Sebastian Velasco, managing director Spain & Portugal, fez as honras da casa traçando um pequeno panorama do investimento português na classe de ativos. “Os investidores portugueses têm procurado diversificar as suas carteiras. Por exemplo, há cinco anos atrás o investimento em fundos high yield era excluído das carteiras. Atualmente, o investimento neste tipo de produtos supera 10% do total do património dos fundos de obrigações”, referiu.

“Como investidores também estamos a tentar entender até onde é que as taxas de juro vão”, começou por confessar, Andy Howse, head of institutional fixed income, product and analytics da da Fidelity Worldwide Investment, que avançou logo de seguida para uma breve explicação sobre o que pode influenciar o “new normal” de que tanto se fala. Lembrando que o colapso das yields das obrigações governamentais não é um fenómeno novo, apontou que razões como a descida da inflação ou “a acumulação de muito dinheiro de poupanças” têm contribuído para agravar o problema. No entanto, tendo em conta a audiência, Andy Howse fez questão de assinalar que “as yields das obrigações soberanas portuguesas não estão muito longe das do tesouro norte-americano”.

Como avaliar qual será o “new normal”?

Na tão aclamada procura pelo “new normal”, o especialista diz que há que pôr no “prato da balança” três ingredientes essenciais. Em primeiro lugar, importa perceber “como é que a inflação se irá desenvolver daqui para frente”, disse, nomeando em segundo lugar a influência do crescimento real, que estará dependente do crescimento da população, mas também do incremento da produtividade. Por fim, mencionou o “peso” da “time preference”, que se traduz por exemplo “na nossa preferência como consumidores em comprar algo agora ou mais tarde”.

Positivo em relação ao mercado de high yield europeu, que “depois do sell-off do verão viu a sua proposta de valor melhorar”, o responsável assinalou que “o mercado de high yield continua a oferecer uma boa yield, sustentada por três factores: as baixas taxas de juro, os fundamentais fortes das empresas, bem como a análise técnica”. Mas deixou um aviso: “vai ser importante estar atento a eventuais defaults nos próximos anos”.

Mercado ibérico: sinónimo de ajustamento

Aproveitando a natural proximidade que Miguel Corte-Real tem com o mercado nacional, a temática sobre a qual o Investment Director se debruçou foi precisamente “Portugal num contexto europeu”. Enfatizando os vários sinais de progresso que o país apresenta, bem como o mercado ibérico, salientou-se o “forte ajustamento feito face a outras economias” e “os primeiros sinais de estabilização do mercado de trabalho, com “o custo laboral a reduzir-se e a tornar-se mais flexível”. “O custo laboral costumava ser muito elevado, sem produzir valor acrescentado”, recordou. “A melhoria da eficiência em Portugal a olhos vistos, significa que estamos no bom caminho para podermos exportar melhor. De uma forma geral Portugal é competitivo nas exportações; até máquinas para a Alemanha estamos a exportar neste momento”, assinalou.

Atenção à qualidade

E porque depois de um início de ano conturbado os mercados emergentes foram capazes de proceder a uma espécie de volte-face, a Fidelity não se esqueceu desta região como ponto de oportunidades. Alex Homan, Investment Director, colocou a tónica na escolha das empresas que estão em portfólio. “Preocupamo-nos muito com os balanços das empresas, e por isso tentamos ao máximo ter companhias que evitem perder dinheiro”.

Dando como exemplo o banco chinês ICBC, “que é talvez um dos melhores do país”, o especialista reiterou que não colocam em carteira instituições bancárias chinesas “porque os lucros sustentáveis destes bancos exigem ajustamentos ao nível das imparidades estruturais”. “Tentamos focar-nos na qualidade e deixar de fora as posições mais frágeis”, resumiu.