Nicolas Da Rosa (DPAM): “O mercado português carateriza-se por ser muito competitivo, com players presentes há muito tempo”

Nicolas Da Rosa
Nicolas Da Rosa. Créditos: Cedida (DPAM)

Depois de uma primeira fase focados nos clientes institucionais, a DPAM decidiu registar os seus fundos para venda em Portugal em 2022 e, dessa forma, oferecer aos investidores as suas soluções de investimento através de fundos de gestão ativa. Nicolas Da Rosa, responsável de Vendas Internacionais para Portugal e Espanha da entidade, revela que Portugal faz “parte integrante da estratégia ibérica”. A entidade está presente na maioria dos investidores institucionais, podendo oferecer a suas soluções à banca privada e retalho.

Atualmente, têm acordos com todos os players espanhóis e querem aproveitar esses acordos e o trabalho feito nesse mercado para se alavancarem com a presença de muitas entidades espanholas em Portugal. Para o profissional, o mercado português caracteriza-se por ser muito competitivo, com players presentes há muito tempo. “Integrar esse clube não foi fácil”, afirma, esclarecendo que passaram essa etapa “através do expertise muito forte em certos ativos, com track record e posicionados no percentil superior”. 

Para Nicolas Da Rosa, o mais exigente no contexto atual é “levar o investidor a assumir mais risco”. Até ao momento, a elevada e persistente inflação, juntamente com o aumento brusco das taxas de juro e a elevada volatilidade, favoreceram os ativos de baixo risco e de prazos curtos. “O panorama económico mudou”, conta o profissional. 

Na parte de taxas de juro, os investidores deveriam “aproveitar o novo panorama económico este ano para aumentar duração” e orientar-se mais para o crédito high yield, por exemplo, e olhar para os mercados emergentes de dívida pública. “Existem fundos de dívida governamental em países emergentes em moeda local com volatilidades de 7,5%. Na parte de equity estamos muito bem posicionados em fundos globais, fundos multitemáticos, europeus e REITS europeus”, esclarece. 

Os produtos mais procurados pelos selecionadores portugueses

“O mercado de ETF em Portugal é importante”, afirma. Do lado da DPAM, a sua especialidade centra-se na gestão ativa, tanto em equity como em taxas de juro, sempre com um foco ESG. Além disso, considera que os investidores portugueses são “curiosos, abertos e técnicos” e, por isso, diversificar as carteiras é sempre um ponto importante para eles. 

O fim do forte e rápido ciclo de subidas de taxas de juro trará muitas oportunidades para este novo ano, com as taxas de juro a voltarem a ser um ativo atrativo. Segundo Nicolas Da Rosa, “sempre que se realize o cenário base de soft landing, as ações devem ter performances atrativas”. No ano passado, os investidores portugueses deixaram de investir massivamente em ativos refúgio de curto prazo para “ponderar um pouco mais em obrigações governamentais emergentes e corporativa high yield”, explica.

Na parte das ações, os fundos globais continuam a dominar os investimentos. “Os selecionadores portugueses querem sair dos ativos comuns”, esclarece o profissional, acrescentando também que estes investidores querem “ver novos produtos diferenciados, como os multitemáticos e os REITS europeus”.

Posicionamento ESG

Foi há mais de 20 anos que a DPAM apostou, investigou e investiu no tema ESG com o lançamento do seu fundo Sustainable Balanced Strategy, em 2001, tendo sido pioneira ao aplicar critérios ESG para selecionar países. “Temos hoje em dia 14% dos nossos ativos Artigo 9º, 30% Artigo 8+ e 34% Artigo 8º. Também fazemos parte de várias iniciativas como a Net Zero, a Climate Action 100+, a TCFD recomendações, entre outras”, partilha Nicolas Da Rosa. 

Portugal demorou um pouco mais a ter em conta o aspeto ESG no seu investimento, quando comparado com países do norte da Europa, “mas tem progredido nesse aspeto”. Para o profissional, o desafio está em demonstrar que os investimentos que têm em conta o aspeto ESG não só são melhores de um ponto de visto ético, mas também menos arriscados e mais rentáveis.

“O nosso objetivo é dar a conhecer onde a DPAM é realmente diferente dos outros e desta forma aumentar a nossa presença com todos os participantes financeiros portugueses”, conclui o profissional.